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Com renovação, Capitólio continua em transformação

22 de julho de 2024

A visão e os obstáculos de Cristiano Geraldo à frente da Prefeitura de Capitólio / Foto: Divulgação

TAMIRIS FIGUEIREDO

 

CAPITÓLIO – Cristiano Geraldo da Silva, 36 anos, nasceu e cresceu em Capitólio, uma cidade que sempre ocupou um lugar especial em seu coração. Casado com Andressa Ávila, também natural de Capitólio, e pai de Vitor Antônio, de 7 anos, Cristiano passou boa parte de sua vida longe de sua cidade natal, mas o destino o trouxe de volta com uma missão clara: transformar Capitólio.

Aos 17 anos, Cristiano deixou Capitólio para buscar educação superior. “Saí de Capitólio com 17 anos para estudar. Comecei a faculdade em Passos, na Uemg. Fiz dois anos, sistema de formação. Depois fui para o exterior, onde passei um ano nos Estados Unidos antes de concluir meus estudos. Voltei e terminei minha faculdade em São Paulo”, relatou. Sua trajetória acadêmica o levou aos Estados Unidos e, posteriormente, a São Paulo, onde finalizou seus estudos e iniciou sua carreira na área de tecnologia.

Entre 2009 e 2018, Cristiano trabalhou como consultor de tecnologia em várias regiões do Brasil, incluindo o Nordeste e o Sul do país. Durante esse período, ele acumulou uma vasta experiência e fortaleceu seu desejo de voltar para sua cidade natal e contribuir com sua comunidade.

Em janeiro de 2018, Cristiano decidiu retornar a Capitólio com sua família, buscando proporcionar uma melhor qualidade de vida para seu filho, que havia nascido em agosto de 2017. “Trabalhei em São Paulo até fevereiro de 2020. Trabalhava remoto daqui. E depois, já com a intenção de entrar como candidato a vereador, eu tinha decidido em agosto de 2019 ser candidato. Comecei a trabalhar, comecei a participar das associações, comecei a participar mais na sociedade”, relembrou.

A política sempre esteve nos planos de Cristiano, embora inicialmente ele não almejasse o cargo de prefeito. Sua intenção era começar como vereador, mas em maio de 2020, o cenário mudou. Em maio de 2020, o pré-candidato do partido em que estava desistiu e o indicou para ser candidato a prefeito. Ele aceitou o desafio e começaram a trabalhar. Quando a data das eleições mudou para novembro, ele aceitou o desafio novamente.

Cristiano entrou na corrida eleitoral com um propósito claro: renovar a política de Capitólio. “Entramos com o intuito de propor uma nova política para Capitólio, uma política baseada em um propósito. Então, assim, realmente quando eu aceitei o pleito eu sabia que seria muito difícil vencer, mas a gente entrou com um propósito, um propósito de renovar a política, de levar novas ideias, de levar novas atitudes e novas ações para dentro da política. Isso fazia parte do meu plano de governo, apresentei essas propostas de inovação tudo durante a campanha”, afirmou.

Sua campanha foi marcada pela inovação e por um desejo genuíno de mudança. Apesar da boa aprovação do ex-prefeito, Cristiano conseguiu conquistar a confiança dos eleitores com suas propostas e visão renovadora.

A candidatura de Cristiano a prefeito não foi inicialmente uma escolha pessoal, mas sim uma decisão coletiva de seu grupo político. “O grupo que eu estava me indicou, daí a gente tentou compor com os demais grupos, mas não conseguimos infelizmente ou felizmente a gente foi sozinho partido único contra todos os outros partidos da cidade”, disse Cristiano, destacando a natureza única de sua campanha.

Desde o início de seu mandato, ele se comprometeu a trabalhar e fazer o seu melhor, como dito por ele, pedindo a confiança da população ao invés de votos. Em seu discurso, ele enfatizou a proposta de uma nova política sem perseguições, buscando atender a todos igualmente, tanto na zona rural quanto urbana, nas áreas de saúde e educação.

Surpresas e adversidades da natureza que foram superadas

No entanto, a realidade se mostrou repleta de surpresas e adversidades. A pandemia de covid-19 foi o primeiro grande obstáculo, levando a cidade a enfrentar dois lockdowns em 2021, o que afetou severamente o turismo. A criação do Cemapac, o Centro de Monitoramento e Acompanhamento da covid, foi uma resposta direta a essa crise, permitindo a redução drástica dos casos de contaminação e internações.

Em janeiro de 2022, Capitólio enfrentou outra tragédia, a queda dos cânions, seguida de acusações contra a administração municipal. “A investigação identificou que a gente não tinha culpa”, explicou o prefeito, que trabalhou intensamente para reabrir os cânions em tempo recorde, contando com a colaboração de empresários locais e o apoio do município. Os cânions foram reabertos em 80 dias.

Não bastasse isso, a entrada da cidade foi alagada em janeiro de 2023, causando novos cancelamentos no turismo. Capitólio depende significativamente dessa atividade, que representa 70% da arrecadação municipal. Cristiano relata que a gestão teve que investir e gastar um dinheiro que não estava planejado para manter a cidade funcionando e recuperar os danos causados pela inundação.

Além dos desafios naturais, a administração enfrentou a crise do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e a desoneração do combustível no ICMS, que impactaram a arrecadação. Mesmo assim, Cristiano destaca que 85% do plano de governo foi executado, com investimentos significativos em saúde, educação e infraestrutura, como a construção de cinco pontos de concreto na zona rural e a aquisição de lousas digitais e notebooks para professores.

Um marco significativo foi a assinatura de um TAC com Furnas, resultando na limpeza do canal que causava inundações e na doação de recursos para as famílias e empresas afetadas. “Foi um acordo histórico”, celebrou o prefeito.

Na Câmara, uma forte oposição aos projetos da cidade

A gestão de Cristiano, apesar das críticas e da forte oposição, conseguiu avanços importantes para Capitólio, superando crises e desenvolvendo projetos essenciais para a cidade. “Mesmo em meio a tudo isso, a gente ainda conseguiu desenvolver muitos projetos”, destacou o prefeito, reforçando seu compromisso com a população e a continuidade do progresso local.

Segundo o prefeito, desde o início de sua gestão, a relação entre a Prefeitura de Capitólio e a Câmara Municipal tem sido marcada por dificuldades e oposição contínua. “Tivemos dificuldade desde o início com a Câmara. Infelizmente, a gente fez minoria na Câmara, né? Então tivemos oposição da Câmara o tempo inteiro” afirmou, ressaltando que a oposição se traduziu em mais de 100 representações ao Ministério Público, das quais a maioria já foi arquivada.

Um dos projetos prejudicados pela oposição foi a instalação de iluminação LED em todo o município. A proposta incluía a obtenção de um financiamento de 3 milhões de reais para instalar aproximadamente 2.800 pontos de LED, o que geraria uma economia de quase 3 milhões de reais durante o período de financiamento. No entanto, a Câmara votou contra a aquisição do financiamento, resultando em uma cidade “no escuro” e sem a economia prevista.

Outro projeto impactado foi o das casas populares. A Prefeitura propôs a permuta de terrenos municipais em diversos bairros para adquirir um terreno mais próximo ao centro da cidade, visando melhorar a logística e a dignidade dos moradores. A Câmara, inicialmente, votou contra o projeto, alegando que o valor do terreno era muito alto e que o município já possuía terrenos disponíveis. “Isso atrasou em seis meses o início do projeto das Casas Populares”, explicou. Após uma reunião com a população e pressão popular, o projeto foi aprovado, mas o atraso de seis meses foi inevitável.

Além dessas questões, a Câmara também reduziu o percentual de suplementação orçamentária de 30% para 15%, o que, segundo o prefeito, dificultou a gestão financeira do município. “Eles sabem tudo que a gente passou, pedra, pandemia, alagamento, e tudo isso faz com que a gente tenha que dispor de um recurso que não está planejado. Então você tem que ter essa movimentação dentro das pastas”, alegou o prefeito.

A tentativa de obter um financiamento de 3 milhões de reais junto ao BDMG para a troca de toda a iluminação da cidade por LED também foi barrada pela Câmara. “Eles votaram contra a aquisição do financiamento, alegando que eu não poderia pegar um financiamento para deixar para a próxima gestão pagar”, relatou. A economia prevista com a troca de iluminação seria de 3 milhões de reais, mas o projeto não avançou devido à oposição da Câmara.

Os avanços que consolidaram o destino turístico

Apesar dos problemas relatados com a Câmara e os inúmeros entraves enfrentados pelos projetos, a grande maioria das melhorias prometidas para o município foi concluída, evidenciando o valor dos esforços da gestão.

O prefeito detalhou ainda os esforços contínuos para manter e melhorar o bairro de Escarpas do Lago. Segundo ele, após a pandemia e a Lei 173 que bloqueava contratações, a prefeitura implementou uma zeladoria dedicada ao bairro, contando com dois a quatro profissionais para limpeza e manutenção das vias e meios-fios.

“Conseguimos ter bons avanços em Escarpas do Lago, juntamente com a parceria da Amel, que é a associação do bairro, e a Polícia Militar. Melhoramos muito o índice de reclamações, especialmente em relação a bagunças e perturbações,” explicou o prefeito. A prefeitura também investiu significativamente na infraestrutura do bairro, com mais de um milhão aplicados na melhoria das vias de acesso e dois milhões em asfaltamento e recapeamento de ruas.

Além disso, o município é responsável pela coleta de lixo e pela limpeza das ruas em Escarpas do Lago, trabalhando em colaboração com a Copasa para garantir o abastecimento de água.

“Procuramos levar esse retorno para os proprietários e moradores de Escarpas do Lago, investindo na manutenção e na melhoria do bairro,” destacou.

Quando perguntado sobre a vice-prefeita Ângela Bezerra Prata, o prefeito expressou grande admiração e parceria. “A Ângela foi muito companheira nesses três anos e meio, atuante na prefeitura e coordenando a Defesa Civil. Ela será pré-candidata, e estamos definindo a questão do vice,” disse ele.

Questionado sobre sua gestão, o prefeito se mostrou confiante. “Temos 85% do nosso plano de governo realizado, apesar de muitos empecilhos. Isso me estimula a seguir com a campanha. Ainda temos muitas obras grandes para iniciar e concluir, como a avenida sanitária para melhorar o fluxo de veículos para Escarpas e a conclusão do CEMEI.”

Ele mencionou os desafios adicionais impostos pela regularização nos cânions, que gerou um aumento de despesas para o município. “Hoje, o monitoramento dos geólogos e a fiscalização diária nos cânions geram uma despesa de aproximadamente 500 mil reais por ano,” explicou, ressaltando o compromisso com a segurança e a legalidade das operações turísticas na região.

Cristiano discutiu também suas motivações para buscar a reeleição, destacando seu compromisso com uma política voltada para resultados e governança. “O que ainda continua motivando a gente é o propósito, o propósito de fazer uma política diferente”, afirmou o prefeito, enfatizando as conquistas alcançadas durante sua gestão, incluindo um prêmio de governança que colocou Capitólio em destaque nacional.

O prefeito destacou a importância de uma política externa eficaz, que trouxe ajuda do governo federal e estadual, e ressaltou como isso tornou Capitólio conhecida não apenas no turismo, mas também no cenário político. “Conseguimos a ajuda do governo federal, do governo estadual. Nós colocamos Capitólio conhecida no cenário nacional,” disse.

Quando questionado sobre como mantém a serenidade em meio a tantas turbulências, o prefeito atribuiu sua força à fé em Deus e ao apoio de sua vice Ângela, de sua família e da população. “Eu sou muito grato a minha vice Ângela por todo o trabalho que ela dispôs aqui, pelo companheirismo, pela parceria dela,” declarou. Ele também mencionou o papel crucial de sua esposa Andressa, que idealizou e inaugurou a Casa Rosa para atender pessoas com problemas oncológicos.

O prefeito expressou gratidão à população de Capitólio pelo apoio e carinho recebido. Ele pediu aos vereadores e futuros candidatos que priorizem os interesses da cidade acima de questões partidárias. “Quero fazer um pedido a eles e aos próximos pré-candidatos a vereadores, que eles olhem mais por Capitólio e para Capitólio, para que eles não olhem tanto a política e a politicagem,” apelou.

Ele também criticou a perseguição política que enfrentou durante seu mandato, afirmando que isso atrasou o progresso do município. “Infelizmente, eu vivi e sofri na pele esses quatro anos o que é ter uma perseguição política vindo da Câmara e vindo de uma oposição partidária. Isso não ajuda em nada, não contribui em nada para a nossa população e para o nosso município,” lamentou.

Encerrando a entrevista, o prefeito agradeceu a todos que o apoiaram e reiterou seu compromisso com o progresso de Capitólio, pedindo uma política mais colaborativa e menos conflituosa no futuro.

Grandes avanços foram conquistados em Escarpas do Lago / Foto: Divulgação