Yngrid Horrana
PASSOS – O coletivo Essência Negra promove, neste sábado, 13 de maio, em Passos, o primeiro “Afro Music”, evento em comemoração à abolição da escravatura. A expectativa é reunir um público de cerca de 3 mil pessoas. De acordo com o idealizador do coletivo, Reinaldo Reis, o objetivo é movimentar o cenário cultural no município por meio de reflexão, conhecimento e fomentar a compreensão sobre a importância da data. O evento acontece na Avenida Sabiá, a partir das 15h, e faz parte da programação do aniversário de 165 anos de Passos, organizado pela Secretaria Municipal de Cultura.
O encontro contará com apresentações musicais dos grupos de hip hop DDD 35, Efeito Black e Dj Lanuz. Os cantores Ulisses Melo e Edvaldo Santos farão shows de música soul, Música Popular Brasileira (MPB) e afro gospel. Além das apresentações musicais, o capoeirista Mestre Terra vai apresentar a dança do Jongo, uma das maiores expressões de resistência das pessoas escravizadas antes da abolição.
Produtores do afro-empreendedorismo também vão participar do evento. Segundo Reis, haverá stands do movimento Essência Negra e exposição de obras plásticas. Camisetas personalizadas, turbantes e outros acessórios da cultura negra serão comercializados no local. Às 20h, haverá a apresentação do grupo de congo Ternos e Moçambique, em frente à igreja de São Benedito, no bairro São Benedito. Após o encontro, ocorre confraternização na Escola Luzia de Abreu, com a participação do grupo Congo Sereno de Arcos.
De acordo com Reis, todos os artistas que farão apresentações no evento são contemplados pela Lei 3.805/22, o “Bolsa Artista”, que foi criado pela prefeitura com intuito de incentivar artistas independentes, fomentar o trabalho e fortalecer o segmento artístico na cidade de Passos. Em 2022, os artistas aprovados passaram por processos de concessão de auxílio de R$ 3 mil.
O secretário destacou que a cultura negra possui um “papel fundamental para a transformação da sociedade inclusão social”. Para ele, a gestão municipal apresenta falhas no combate ao racismo: “O nosso Congado existe há mais de 100 anos. O evento deveria ter mais prioridade, seja com recursos e maior valorização dos Ternos de Congo, assim como o hip hop e a capoeira. Todos devem entrar no investimento financeiro do município”, disse.
Reis também aponta a falta de eventos que valorizam a cultura indígena. Segundo ele, a Secretaria de Cultura alega que a temática dos povos originários é “pouco difundida no município” e que “não há procura” por ações voltadas a essa população.
O historiador e músico passense Salomão Jovino Salloma disse que a prefeitura pode combater o racismo por meio da educação, com base na Lei 11.645, que regulamenta a abordagem da história dos indígenas, africanos e escravizados nas escolas. “Quando ele [poder público] não protege pessoas porque são ricas, brancas ou de prestígio social e não distingue os cidadãos de acordo com a sua religiosidade, já é de bom tamanho. E realmente não é assim”, disse.