SÁUDE
Apontado pelo Ministério da Saúde como a maior causa de mortes no país, o infarto vem atingindo, a cada dia, mais pessoas abaixo dos 45 anos. Para prevenir a ocorrência deste evento, especialmente nesta faixa etária, algumas hábitos saudáveis precisam ser adotados, como controle da pressão arterial, evitar o tabagismo, incluindo cigarros eletrônicos e controle de colesterol com médico cardiologista.
Segundo o cardiologista cooperado da Unimed Sudoeste de Minas, Fábio Fonseca, também é importante a prática regular de atividade física, lembrando-se da necessidade de acompanhamento cardiológico, uma vez que existem condições de saúde que podem predispor a pessoa a sofrer infarto e outras doenças cardiovasculares ao realizar exercícios de média ou alta intensidade. Vale a pena ressaltar ainda que o uso de esteroides anabolizantes, frequente nesta população, aumenta o risco de doenças cardiovasculares.
“As academias e clubes mais responsáveis têm adotado a medida de exigir uma avaliação cardiológica antes do início das práticas desportivas. Isto representa segurança, tanto para o aluno quanto para a instituição e deveria ser replicada a todos. Diversas condições podem ser identificadas com base na consulta cardiológica e, em algumas situações, a atividade física pode ser contraindicada”.
“Outras situações não tão raras, como por exemplo a cardiomiopatia hipertrófica, causa importante de morte súbita em atletas jovens, podem ser diagnosticadas no consultório. Além disso, há que se destacar que os anabolizantes alteram a musculatura do coração, comprometendo o funcionamento do órgão. Recentemente, o Conselho Federal de Medicina (CFM) proibiu a prescrição destes hormônios para fins estéticos ou para melhora de performance desportiva”, alerta o cardiologista.
De acordo com o profissional, o infarto acontece quando o fluxo sanguíneo no coração é interrompido, levando à morte de parte do tecido deste órgão. Isto ocorre quando a artéria é obstruída por uma placa de gordura ou um coágulo. “A causa mais comum é a aterosclerose, doença que causa o endurecimento e espessamento das paredes arteriais, que ocorre pelo acúmulo de placas de gordura, cálcio ou outras substâncias na parte interna dos vasos sanguíneos. Esta diminuição do fluxo sanguíneo chamamos de isquemia, que pode afetar, gradualmente, órgãos como o cérebro e o coração”, disse Fábio Fonseca.
Sintomas
Como a isquemia é o primeiro sinal de um paciente que poderá sofrer um infarto, é importante estar atento aos sinais de que este problema pode estar acontecendo. Dor no peito aguda e prolongada, sentida como um aperto ou peso mais para o lado esquerdo, formigamento nestas áreas, palidez, enjoo, falta de ar, sudorese e palidez são alguns sinais de alerta.
“Especialmente pessoas que sofrem de obesidade, hipertensão arterial, diabetes, colesterol alto, tabagismo, apneia do sono devem ficar atentas a estes sinais. Entretanto, pessoas abaixo de 45 anos a predisposição ao infarto comumente está relacionada ao tabagismo, incluindo cigarros e dispositivos eletrônicos e presença de histórico familiar ligado ao colesterol alto, que pode ser investigada no consultório. Vale lembrar ainda que, nesta população, é preciso investigar outras possíveis doenças que possuem sintomas semelhantes, como miopericardite, embolia pulmonar, cardiomiopatia hipertrófica e dissecção de coronárias”, acrescenta o cardiologista.
Maior risco
Segundo o cardiologista, pacientes mais jovens podem ter maior risco de morte em caso de infarto em relação a pessoas mais idosas. Isso ocorre porque, basicamente, existem dois tipos de infartos: o que acontece por obstrução devido à placa de colesterol e o que ocorre devido à formação de um trombo ou coágulo.
“Nos pacientes jovens, este segundo costuma ser o mais comum. Além disto, estudos sugerem que nos pacientes mais idosos e que sofrem deste processo de isquemia a longo prazo sofram menos danos. A hipótese é de que organismo crie uma circulação colateral nestes casos. No infarto agudo, por causa trombótica, esta circulação estaria ausente e, por isso, uma obstrução coronariana seria mais grave ou fatal”, disse.
De acordo com o médico, também sofrem maior risco de morte as pessoas que já tiveram episódios anteriores de infarto ou acidente vascular cerebral, necessitando de um acompanhamento mais frequente com o especialista. “Apesar deste risco aumentado, vale lembrar que os exames, como teste ergométrico, ressonância, angiotomografia de coronárias e exames laboratoriais como a troponina vem evoluindo cada vez mais, o que nos possibilita diagnosticar e tratar melhor os nossos pacientes. Portanto, se o paciente faz um acompanhamento frequente e adere às recomendações médicas, é possível estabelecer tratamentos que diminuam a possibilidade de ocorrência de um novo episódio de infarto”, reforça.
Infecções virais, como a causada pelo vírus da covid-19, também podem ter relação com a ocorrência de infarto. “Isto pode ocorrer porque estas infeções ocasionam um aumento do consumo de oxigênio pelas células do coração. Já sobre a vacina contra a Covid-19, os estudos sugerem eficácia e segurança. A porcentagem de complicações relacionadas às vacinas é bem menor que as complicações decorrentes da doença. As vacinas são seguras e devem ser encorajadas nas populações, quando não houverem contraindicações”, afirma o especialista.