Opinião

CEMIG, COPASA, CODEMIG – vende-se com descontos incríveis de “tirar o fôlego”

11 de junho de 2025

Ataíde Vilela

Estive na semana passada em Belo Horizonte e presenciei a acalorada discussão sobre o Propag – programa do governo federal que propõe para o estado de Minas Gerais, uma fórmula nada interessante para quitar a sua dívida, de R$170 bilhões. Ensina-nos os mais sábios negociadores que “dívida não se paga, negocia-se”. Aliás, é mais do que isso! Por uma questão de isonomia, o mesmo tratamento e tolerância que vem sendo dado para países devedores junto ao BNDES, como Venezuela, Cuba, etc, que nem sinalizam que irão pagar e nem estão preocupados com isto, deveria ser adotado também para os estados. Estes países, apesar de terem contraído dívidas bilionárias com o Brasil, nem ao menos, esboçam intenção de honrar seus compromissos. E nem por isto, estão sofrendo ameaças ou pressões por parte do governo brasileiro. Ou seja, adotaram aquela máxima, cujo método é: “DNNPQP – Devo, Não Nego, Pago Quando Puder”. E o governo federal aceita esta situação e, simplesmente, nem coloca isto na pauta de suas prioridades. O governo federal deveria estar preocupado, em buscar meios de receber as dívidas destes países devedores e não clolocar a “faca no pescoço” de estados como Minas Gerais. Resolvido isto, teria justificativa para estar cobrando também os estados. Mas, todos percebemos que isto não está acontecendo, ou seja, não tem política alguma e nem estratégia para cobrar as dívidas de financiamentos realizados pelo BNDES, a título de benesses para países como: Venezuela, Cuba e outros mais.

Por outro lado, assistimos o governo de Minas, de forma atribulada e literalmente desesperado, entregando a preço de “banana”, as nossas empresas estratégicas para o governo federal.  Empresas essas como: a CEMIG, COPASA, CODEMIG, que são verdadeiras agências de desenvolvimento de nosso estado. São estratégicas, do ponto de vista, de fomentar e alavancar o desenvolvimento de todas as regiões de Minas Gerais, ou seja, do norte ao sul e do leste ao oeste. Não podemos abrir delas, em detrimento de conseguir um mísero desconto de 20 ou 30 % do montante dessa dívida. Outra coisa importante a ser observada e que precisava entrar nessa discussão, é a questão de taxas de juros e correções, que estão sendo aplicadas, para se chegar a esse valor de 170 bilhões de reais. Os países acima citados, se concordassem em pagar o principal do que devem, já será um grande avanço. Por isso mesmo, entendo que o governo estadual, ao colocar na sua pauta de prioridades, a apreciação do Propag, é no mínimo, um ato precipitado neste momento. É um equívoco, pois, além de não ser este o melhor momento, não é também a melhor proposta para o governo de Minas e os deputados estaduais apreciarem como solução para essa dívida. O governo federal, deveria “correr atrás” de países devedores que estão nos dando o “calote” e não vir para cima de Minas Gerais, sufocando a economia de nosso estado.

Assim, o governo de Minas e a ALEMG, ao invés disto, deveriam estar discutindo e aprovando, de forma positiva, como os estados de GO, PR e RS, uma Lei estadual própria, para atrair grandes empresas, como: Google, Amazon, Meta, etc. para instalarem e implantarem polos de IA-Inteligência Artificial, aqui em MG. Será estratégico que isto seja realizado. Quem chega primeiro à mina, “bebe água limpa”. Com isto, estamos perdendo tempo – o “bonde da história”.  A implementação de uma política arrojada, para sediarmos polos tecnológicos como: Santa Rita do Sapucaí, em Passos, em nossa região com apoio da UEMG, UNIFAl, UFLA, IFSUL/MG, com certeza atrairemos grandes investimentos, que poderão gerar renda, empregos e impostos para o nosso estado. Em pouco tempo, acredito que serão suficientes para quitar esta dívida. Por isso, é preciso que o governo de Minas desperte e, corrija suas metas e prioridades, sob pena de perdermos o “timing” da história. É hora de sermos arrojados e alavancarmos investimentos que irão trazer desenvolvimento, geração de renda e emprego, para a nossa gente. Ter uma solução para essa dívida é importante. Mas, em bases mais interessantes do que estas que foram apresentadas neste Propag. A proposta para São Paulo foi em bases bem mais adequadas do que esta do Propag. A solução foi política e bastante vantajosa para SP. Naquela época, o presidente da República era FHC e Mário Covas, o governador de SP. Ambos eram paulistas e tucanos, membros do PSDB. Minas Gerais não teve o mesmo tratamento de SP, naquela ocasião.

 

Ataíde Vilela, engenheiro civil, foi prefeito de Passos nas gestões 2005/2008 e 2013 a 2016.