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Cantiga dos pássaros e das serpentes

16 de novembro de 2023

Tom Blyth como Coriolanus e Rachel Zegler como Lucy Gray em Jogos Vorazes./ Foto: Divulgação.

CINEMA

A retomada da bem-sucedida franquia a partir de uma prequel – que obviamente pretende desencadear uma outra franquia – chega aos cinemas com a responsabilidade de corresponder a todas as expectativas envolvidas e a necessidade de ampliar as biografias de alguns dos personagens marcantes da saga, no caso, a do futuro presidente de Panem, Coriolanus Snow, aqui retratado aos 18 anos e vivido por Tom Blyth. Uma ideia parecida com a de “Star Wars: O Despertar da Força (2015)”, quando se explorava de que modo Kylo Ren (Adam Driver) se tornaria, um dia, Darth Vader.

Em “Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes”, em cartaz em Passos e São Sebastião do Paraíso, os acontecimentos se situam 64 anos antes da época retratada no primeiro filme, de 2012. Depois da morte de seu pai, o jovem Coriolanus tenta manter a custo o status da família Snow, estudando na escola da elite, ainda que o aluguel esteja atrasado e ele mal consiga comer, assim como sua Lady-avó (Fionnula Flanagan) e sua prima, Tigris (Hunter Schafer).

A esperança de Coriolanus é obter o prêmio Plinth, que é dado, anualmente, ao melhor aluno da escola. Com suas ótimas notas, o jovem está no páreo. Neste ano, porém, as regras mudaram. Para tornar os Jogos Vorazes mais atraentes à sua audiência televisiva, o reitor Highbottom (Peter Dinklage) e a dra. Gaul (Viola Davis) decidem engajar os jovens alunos da elite como mentores dos tributos vindos dos distritos depauperados. O vencedor do prêmio será o mentor que conseguir que seu tributo atraia mais atenção do público.

Um dos pontos altos desta franquia está na maneira engenhosa como sua autora, a escritora Suzanne Collins, elabora uma distopia futurista que leva a extremos a luta de classes e a vingança depois de uma guerra civil, algo que ressoa, neste último caso, dolorosamente atual na presente guerra entre Israel e os palestinos. Estão aí os grandes tentos desta prequel, que se caracteriza por uma extrema violência e uma ambiguidade marcante à medida que o caráter de Coriolanus começa a revelar-se com mais clareza.

Procurando criar uma heroína à altura de Katniss Evergreen (Jennifer Lawrence), Rachel Zegler entra na pele de Lucy Gray Baird, uma cantora que, por conta de uma tramoia, acaba tornando-se o tributo do Distrito 12 e objeto da mentoria de Coriolanus. Suas chances de sair viva dos Jogos parecem escassas, dada sua aparente fragilidade física. No entanto, a moça tem mais recursos do que a vista alcança e sua associação ao jovem Snow rende uma parceria especialmente promissora. E sua capacidade de cantar, na verdade, foge muito ao mero entretenimento de corações sensíveis que acompanham os Jogos pela TV.

JOGOS VORAZES: A CANTIGA DOS PÁSSAROS E DAS SERPENTES (The hunger games: The ballad of songbirds and snakes). EUA, 2023. Gênero: Drama, Ficção científica. Classificação: 12 anos. Direção: Francis Lawrence. Elenco: Rachel Zegler, Tom Blyth, Viola Davis, Jason Schwartzman. Cine Roxy, em Passos, 19h de segunda a sexta; 17h e 20h30 aos sábados e domingos. Coine A, em São Sebastião do Paraíso, 21h15.