Ézio Santos
PASSOS – A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou, nesta Quarta-Feira de Cinzas, a Campanha da Fraternidade. Com o tema “Fraternidade e Fome” e o lema “Dai-lhes vós mesmos de comer!”, a CNBB quer chamar a atenção para o problema da fome no Brasil.
Em 2022, o Segundo Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia de Covid-19 no Brasil apontou que 33,1 milhões de pessoas não têm garantido o que comer — o que representa 14 milhões de novos brasileiros em situação de fome.
O pároco de São Judas Tadeu, no bairro Jardim Aclimação, em Passos, Francisco Albertin Ferreira, afirma que a Igreja Católica quer tocar o coração das pessoas. “É inegável que milhões de nossos irmãos e irmãs brasileiros estão passando fome. Algumas pesquisas apontam que milhões de pessoas com insegurança alimentar grave, ou passando fome, representando cerca 15,5% da população brasileira”, disse.
“Como pode isto acontecer se o Brasil é um dos maiores produtores de alimentos do mundo. Como explicar tamanha contradição e indiferença? Onde há partilha de alimentos, amor, justiça e solidariedade não pode existir fome. Então a igreja quer tocar com a campanha, os corações das pessoas para buscarem soluções ao enfrentar este grave desafio. O que eu posso fazer diante da realidade da fome existente hoje no Brasil?”, questiona o religioso.
“O tempo da Quaresma é de intenso recolhimento sobre o estado de nossas almas. Nós ficamos aquém. ‘Todos pecaram’, como nos lembra o apóstolo Paulo, exceto duas santidades: Cristo, e sua mãe, membros de uma minoria muito exclusiva. E, por mais doloroso que seja ouvir, todos nós, em maior ou menor grau, somos hipócritas quanto à prática da fé. Sabemos o que o Senhor espera de nós e também sabemos que tais expectativas são difíceis de serem cumpridas. É mais fácil apenas parecer bom ou virtuoso, e é particularmente fácil receber os benefícios que vêm com a aparência de ser um discípulo do Senhor, em vez de fazer os sacrifícios para ser um de fato”, ilustrou o pároco de Nossa Senhora Aparecida, Darci Donizetti da Silva.
E continuou enunciando que “um confronto total com a verdade é exigido de nós durante a Quaresma. Francamente, isso seria demais para suportar se não fosse pelo fato de que Cristo nos assegura que virá a nós, não apenas como um mestre ou juiz, mas um Salvador que está pronto e disposto a nos perdoar e restaurar a nossa comunhão com ele. A consciência sobre quem somos, o que nos tornamos, o que fizemos, o que deixamos de fazer é necessária porque, sem tal avaliação, permaneceríamos na negação e, nessa condição, definharíamos em miséria. Mas esse acerto de contas realizado pelo Cristo visa nos tirar dessa condição, e não aprofundá-la. A Quaresma, se for observada corretamente, é uma passagem espiritual para o perdão e a possibilidade de uma segunda chance”.
O presidente das missas das 6h e 19h30, na matriz, e às 18h, na igreja Santos Reis/Santa Luzia, disse ainda que “na Quarta-feira de Cinzas, aceitamos uma marca do pó em nossa fronte, uma marca que nos distinguirá publicamente como pecadores. O que sabemos em particular sobre nós mesmos, mostramos ao mundo, mas o fato de sermos pecadores não é a única verdade que exibimos. A marca das cinzas é um sinal para o mundo de que recebemos algo extraordinário e imerecido de Cristo. O que recebemos? Uma palavra de perdão criativa, viva e eficaz, que, se acolhida, dá a nós e ao mundo o que mais precisamos: o dom de um novo começo e a graça inesperada de uma nova chance. Este é o significado do que hoje celebramos e traremos conosco em nossos corações e mentes durante todos os próximos dias desse período quaresmal”.
O período de 40 dias que a igreja católica se planeja para celebrar a Páscoa, lembra a trajetória da paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo. “É um momento em que os cristãos são chamados ao jejum, oração, caridade e dar início a Campanha da Fraternidade, que tem como função ajudar os cristãos a meditar sobre as realidades temporais e, consequentemente, buscar uma conversão cada vez mais efetiva segundo as propostas de nosso Senhor Jesus Cristo”, explicou o pároco de São Benedito, Gentil Lopes de Campos Júnior, que celebrou missa às 9h, na capela Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, e às 19h, no altar improvisado do Centro Catequético, por causa da reforma da matriz.