Luciene Garcia
DELFINÓPOLIS – A Câmara de Delfinópolis exonerou uma diretora e um contador após supostas irregularidades na contratação de uma empresa para serviços de sistema contábil. A ex-diretora Lidiane Requier alega que teria verificado transações bancárias feitas sem anuência, no período que estava de férias, e que teria levado o caso ao presidente da Câmara, Sebastião Aparecido Alão.
Segundo a ex-servidora, o então contador teria solicitado, no início do ano, a contratação da empresa, mas que o Legislativo já possuía em vigência outra contratação da mesma natureza. A ex-diretora foi demitida no dia 30 de março e, no dia seguinte, registrou um boletim de ocorrência sobre o caso.
Após a negativa, conforme informações de Lidiane, o ex-servidor teria ido até a casa dela, no final do mês de janeiro, e solicitado a entrega do celular da Câmara, alegando que precisaria imprimir alguns comprovantes no aplicativo do banco. Segundo ela, o aparelho foi entregue com a senha de acesso ao aplicativo, mas não forneceu a senha para as transações financeiras.
“Importante relatar que, para a contratação e pagamento de serviços se faz necessária a assinatura (senha) do presidente. Ele [contador] não fez em duas ocasiões e não apresentou nenhuma documentação desses processos de aquisição”, aponta a ex-diretora. Ela também afirma que, após o retorno das férias, teria conferido o extrato bancário da Câmara e verificado dois pagamentos no valor de R$1.760 cada, para a empresa.
De acordo com a ex-diretora, após o ocorrido, ela teria se recusado a assinar qualquer documentação referente ao assunto e a empresa teria devolvido o dinheiro para a Câmara. Ainda, segundo Lidiane, o e-mail utilizado no trabalho teria sido violado durante as férias e não foi possível reportar, na época, ao setor jurídico.
“Quando questionei o contador sobre as transferências, ele alegou que a partir daquele dia seria ele que faria os pagamentos. Perguntei com qual senha ele fez as transações, pois eu não havia informado a minha senha de efetivação, o mesmo me tratou com arrogância e desconversou, alegando que cancelaria o processo. Até este momento o jurídico e a presidência da Câmara estavam preocupados em resolver esse impasse. No mesmo dia fui ao banco e troquei minha senha pessoal”, afirmou.
“Solicitei um documento formal assinado pelo contador sobre o motivo das transferências sem a devida autorização, observando que eu não estava ciente do processo e que ele utilizou minha senha pessoal. Ele não concordou e disse que faria apenas o cancelamento do processo. Eu disse que também não concordaria porque não vi e nem assinei nenhum documento referente ao processo de contratação dessa empresa, nem contrato, nem notas de empenho, liquidação e pagamento, muito menos autorizações de fornecimento”, afirma a ex-diretora.
“Diante da minha negativa, o presidente disse que eu estava querendo ‘criar caso com coisa a toa’, pois o dinheiro já tinha voltado para conta bancária da Câmara. No dia 30 de março fui demitida pela alegação de falta de confiança, mesmo eu justificando e dando publicidade aos servidores da Câmara sobre o acontecimento”, relatou a ex-diretora.
Conforme informações da vereadora Jacqueline Aparecida da Silva, sobre a exoneração, do ex-contador, o caso teria ocorrido por ele desempenhar cargo na prefeitura. “O motivo do contador ter sido mandado embora é porque ele já é concursado na Prefeitura de Cássia, o que caracterizaria acúmulo de função”, contou.
Segundo a vereadora Ana Maria Silva Trindade, a empresa contratada seria de familiares do ex-contador. “Nesta última sessão informamos à população sobre o ocorrido e relatamos que a empresa, em seu CNPJ, constava que o objeto seria sobre alvenaria e construções. Além disso, essa empresa está em nome do padrasto do contador e o endereço é o mesmo da sorveteria da mãe dele”, disse a vereadora.
A Folha entrou em contato com o ex-contador e com o presidente da Câmara, mas ainda não obtive retorno.