BELO HORIZONTE – A estiagem entre abril e setembro e temperaturas 1,5°C acima da média nas regiões produtoras de café do Sul de Minas têm causado danos às lavouras e preocupações aos produtores. Neste ano, o déficit hídrico em setembro foi de 345,1 milímetros, mais que o dobro dos 150 mm considerados normais para o período.
Dados coletados no Campo Experimental da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) em Três Pontas apontam que, entre janeiro e março foram 860 milímetros de precipitações e, de abril a setembro, 28 mm.
De acordo com a empresa, as pesquisadoras Vanessa Figueiredo e Margarete Volpato e Vânia Silva têm acompanhado as condições de hidratação das plantas e alertam para os cuidados necessários para reduzir os impactos ao cafeeiro.
“Já se aproximando de 150 dias sem chuvas expressivas, conseguimos observar grande parte das lavouras cafeeiras sentindo bastante, com intenso desfolhamento e ataques de praças e doenças. As plantas que estão suportando um pouco melhor essas condições adversas são as que estavam podadas no ano de 2023 e não produziram em 2024”, afirma Vanessa Figueiredo.
“Uma planta desequilibrada e malnutrida vai sofrer muito mais que uma planta enfolhada e com os tratos fitossanitários e nutricionais realizados adequadamente”, adverte a pesquisadora.
Segundo ela, o acumulado de precipitações no ano é até considerado dentro da normalidade, mas as chuvas foram mal distribuídas.
“De acordo com os dados da estação instalada no campo de experimental da Epamig em Três Pontas, neste ano de 2024 as precipitações mensais, até o momento, ficaram em torno de 888 milímetros, um acumulado até considerável dentro do normal, mas é importante destacar que as chuvas foram muito mal distribuídas”, aponta.
A pesquisadora afirma que de janeiro a março choveu um acumulado de 860 mm e, de abril até 30 de setembro, apenas 28 mm, o que não favorece as fases fenológicas da cultura de café.
Dentre os diversos impactos de eventos climáticos extremos, destaca-se neste ano de 2024 o aumento da temperatura, em média 1,5ºC maior que no ano de 2023, para o mesmo período, e precipitações muito mal distribuídas. Eventos como esses causam sérios danos às plantações de café.
De acordo com os dados coletados na estação meteorológica em Três Pontas, setembro teve um déficit acumulado de 345,1 mm, sendo que o normal para este período seria em torno 150 mm.
O déficit hídrico diminui a hidratação das plantas. Neste momento, o cafeeiro se encontra em uma condição na qual não consegue recuperar, durante a noite, a água perdida ao longo do dia.
A pesquisadora aponta que é importante conhecer o impacto dessas variações sobre o estado hídrico da planta para tentar ajustar as práticas de manejo, tais como adubação, irrigação e controle fitossanitário. “A planta vai responder aos estímulos que nós dermos a ela. É fundamental que o produtor tenha pontualidade e capriche nos manejos, principalmente, em momentos de graves intempéries climáticas”, disse.