21 de setembro de 2023
Registro na modalidade Denominação de Origem (DO) vai agregar ainda mais valor ao produto e ao trabalho dos mais de mil cafeicultores da região./ Foto: Marcus Desimoni.
PIUMHI – A Serra da Canastra é a sexta região produtora de café em Minas a receber o registro de Indicação Geográfica (IG) pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi). Nesta terça-feira, 19, a IG foi chancelada na modalidade Denominação de Origem (DO), a mesma obtida pela produção dos grãos nas regiões Mantiqueira de Minas (2020) e Cerrado Mineiro (2013).
Localizada entre o Oeste e Sul de Minas Gerais, a Canastra é conhecida pela qualidade dos queijos artesanais, iguaria reconhecida desde 2008 como Patrimônio Cultural Imaterial do país e que tem conquistado prêmios internacionais, agora a região também ganha mais destaque na cafeicultura.
“Com esse reconhecimento poderemos ampliar nossos negócios e agregar mais valor aos produtos. Vamos seguir os protocolos definidos e buscar um maior equilíbrio dos processos de manejo, cumprindo os requisitos ambientais, sociais e trabalhistas. Como resultado, os consumidores continuarão desfrutando da qualidade dos nossos produtos e os cafeicultores poderão aprimorar seus modelos de produção”, afirma José Carlos Bacili, engenheiro agrônomo, produtor e presidente da Associação dos Cafeicultores da Canastra (Acanastra).
Os municípios que produzem o Café Canastra são Bambuí, Capitólio, Delfinópolis, Doresópolis, Medeiros, Pimenta, Piumhi, São João Batista do Glória, São Roque de Minas e Vargem Bonita.
O desenvolvimento da cafeicultura na região é fruto do trabalho intenso da Acanastra em parceria com o Sebrae Minas, que viabiliza diversas ações para promover a identidade do território e implementar práticas para a melhoria contínua da qualidade do produto e para a disseminação de práticas sustentáveis na atividade.
Entre as iniciativas está a realização de um estudo técnico que identificou as características do território, métodos de cultivo, colheita e pós-colheita utilizados pelos produtores locais, e os atributos específicos do café produzido na região. No caso da Canastra, os cafés apresentam, predominantemente, aroma e sabor de mel, frutas amarelas, tropicais e cítricas, chocolate ao leite com nuances de castanha, limão-cravo e laranja, com doçura alta e notas de açúcar mascavo e cana-de-açúcar, em equilíbrio com a acidez elevada e predominantemente cítrica.
Devido a essas características únicas, em 2022, a Acanastra, com apoio do Sebrae Minas, deu entrada ao pedido de registro de IG no INPI. Para dar embasamento à solicitação, além do estudo técnico, o Caderno de Especificações Técnicas da DO foi construído e a governança local foi estruturada, através do fortalecimento da associação de produtores e da formação do Conselho Regulador da DO.
“Assim como aconteceu com o queijo, a conquista da Indicação Geográfica garante a qualidade e a autenticidade dos cafés produzidos nos 10 municípios que compõem essa região. Isso não apenas valoriza a cultura e a tradição local, mas também agrega valor à produção, impulsiona o desenvolvimento econômico do território e fortalece a reputação da Canastra. Esse reconhecimento cria mais um diferencial competitivo para o Café da Canastra no mercado”, explica o presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas, Marcelo de Souza e Silva.
PIUMHI – A IG é mais uma conquista dos cafeicultores da região. Em junho de 2023, a Associação dos Cafeicultores da Canastra e o Sebrae Minas lançaram a marca território “Café da Canastra”, uma estratégia de promoção e posicionamento do produto no mercado para fortalecer a união dos produtores e a identidade do território.
A nova marca expressa os valores, crenças e atitudes dos produtores, garantindo a competitividade do café da região. A criação dessa estratégia de branding também dá suporte aos planos estratégico, operacional e tático que serão direcionados para o desenvolvimento da governança, marketing, estruturação do sistema de origem controlada, engajamento dos produtores e empresas e disseminação de conhecimentos e implantação de novas tecnologias.
Além da Canastra, outras sete regiões em Minas Gerais foram beneficiadas com o trabalho do Sebrae Minas no desenvolvimento local em torno da cafeicultura. São elas: Cerrado Mineiro, Matas de Minas, Mantiqueira de Minas, Chapada de Minas, Região Vulcânica, Campo das Vertentes e Sudoeste de Minas.
“O fascínio pelo aroma e sabor do café mineiro torna Minas Gerais o maior produtor do grão no país. Em 2022, o estado produziu 22 milhões de sacas de 60 quilos, em uma área de 1,3 milhão de hectares, cerca de 54% da área total de produção cafeeira do Brasil, de acordo com a Embrapa. Além disso, historicamente, Minas valoriza suas regiões produtoras, o que é evidenciado pelo trabalho do Sebrae Minas na construção da estratégia de origem desenvolvida de norte a sul do estado”, justifica o presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas.