9 de novembro de 2024
MESMO SOFRENDO DA PERDA PARCIAL DAS VISTAS, DOCINHO É BEM CUIDADO PELO IRMÃO DO SEU FALECIDO DONO / Foto: Divulgação
Ézio Santos
PASSOS – Um cãozinho sem raça definida, que há dois anos ficou sem os cuidados do dono, que faleceu repentinamente, alcançou a marca que poucos conseguem. Neste mês de novembro está completando 18 anos e com o estado de saúde invejável, a não ser, a perda de 50% da visão, considerada normal pela idade avançada.
Docinho, nome que recebeu de Odélio Domingos, de 71 anos, solteiro, quando se responsabilizou pela guarda do animal em 2006, e hoje está sob o zelo de Osmar dos Reis, 73, irmão do seu falecido possuidor. O cachorrinho tem semelhança com os da raça basset, como consta no cartão de vacina, mas suas características corporais não são tão visíveis, por isso aparenta ser um vira-lata.
Como mostra o documento considerado a certidão de nascimento do cachorrinho, as primeiras vacinas foram aplicadas em uma clínica veterinária, dia 8 de junho de 2007, e três meses depois da antirrábica. A partir daí, não há registro de aplicação de doses contra outras doenças que podem levar à morte, como a raiva, cinomose e parvovirose, todas com alto índice de letalidade.
“Meu irmão morava sozinho na Praça da Saudade e tinha o Docinho como companheiro inseparável. Eram tão ligados, que certo dia, o Odélio foi de carro ao banco, quando ele saiu da agência, o cachorrinho estava esperando por ele próximo do veículo. Deve ter conseguido achá-lo através do olfato, que até hoje é apurado. Também aprendi a gostar dele e ficou feliz pelo seu aniversário”, afirmou Osmar.
O único problema de saúde que prejudica o cãozinho é a perda de 50% da visão. “Os olhos dele estão esbranquiçados e parecem ser envolvidos por uma densa mancha de fumaça. Mesmo assim, caminha pela rua com meu outro cachorro, o Bentinho, e até corre atrás de carros e motos. Tem a audição e o faro normais. Se alimenta diariamente muito bem com arroz, feijão, carne e petiscos”, revelou o dono adotivo que mora na Rua Rio Doce, no Bairro Santa Luzia, em Passos.
A veterinária Ana Clara Silva Machado, de 29 anos, disse ter ficado surpresa com a idade do cãozinho. “Pelas informações obtidas, o animal goza de ótima saúde, exceto a visão, mas lembra que a vacinação em dia pode ajudar o animal a ter uma longevidade maior, evitando algumas doenças. É comum o animal idoso demonstrar a perda de visão e audição, mas a maioria se adapta bem ao ambiente em que vive com a diminuição dos sentidos”, ressalta.
“Hoje, os filhotes de cachorro e também gatos tendem a se tornar mais longevos porque recebem cuidados especiais, têm o cartão de vacinas em dia e passam por consultas anuais. No caso do Docinho, é raridade”, disse.