Opinião

Brasil está na Idade das Trevas – e a esquerda, os artistas e os intelectuais aplaudem de pé

10 de junho de 2025

J. R. Guzzo

Uma das patologias mais perversas que Alexandre de Moraes e a extrema esquerda criaram na sua campanha de extermínio aos direitos individuais e de sacralização do castigo para os inimigos políticos é o incitamento público da crueldade. Transformaram, em nome da “defesa da democracia”, um vício abjeto em virtude cívica. Não apenas é necessário rasgar a lei para manter de pé uma ditadura cada vez mais arrogante; é indispensável, para o consórcio STF-Lula, também fazer a celebração da maldade.

O regime não se contenta mais com a repetição histérica do grito “Sem Anistia” – transformado na principal causa política e ideológica que tem hoje. Faz questão, cada vez mais, de agir com aquele tipo de desvio mental que a psiquiatria define como sadismo – a satisfação em impor sofrimento gratuito, inútil e pervertido. Tem sido esse o comportamento sistemático do ministro Moraes, seus cúmplices no STF e as classes culturais que o elegeram como o Che Guevara do Brasil recivilizado, a começar pela mídia.

A crueldade boçal das punições aplicadas pelos inquéritos multiuso, e grotescamente ilegais, contra o que chamam de “atos antidemocráticos”, já dá para formar uma enciclopédia. Para ficar apenas no pacote de violências supostamente legais contra a deputada federal Carla Zambelli, o último da série, juntaram condenação exótica, cassação ilegal de mandato, exílio, pedido de extradição à Itália e uma inédita exibição de mesquinharia: extensão da pena a familiares que não cometeram crime algum e uma fanática operação de linchamento financeiro da ré – que não é ré, mas vítima.

Não há uma única coisa correta em todo o caso Zambelli. Não poderia, se houvesse obediência à lei neste país, receber uma ordem de prisão – segundo a Constituição Federal, parlamentares só podem ser presos se cometerem crime inafiançável e em flagrante, o que não é, nem remotamente, o caso. O STF e Alexandre de Moraes não podem cassar o seu mandato; só a Câmara dos Deputados tem o direito de fazer isso. Carla Zambelli não poderia ser condenada a extravagantes dez anos de prisão pelo delito do qual é acusada.

A deputada foi punida com penas financeiras ilegais – suspensão de seus vencimentos, embora ainda esteja no exercício formal de seu mandato, bloqueio de bens e congelamento das contas bancárias – onde o STF comete a indignidade de expropriar miseráveis R$ 2.000 que compunham a fortuna financeira de Carla. Como é possível um ministro do mais alto tribunal de Justiça do Brasil achar que a segurança pública precisa de R$ 2.000 para ser assegurada?

Pior ainda, Alexandre de Moraes voltou sua ira contra a mãe e um filho menor de idade de Carla, que não têm culpa de absolutamente nada – e ficam privados de meios para a sua sobrevivência. Estamos de volta à Idade das Trevas – e a esquerda, os artistas e os intelectuais aplaudem de pé.

J. R. Guzzo é jornalista