Destaques Geral

Biólogo orienta sobre animais e cuidados para evitar ataques

15 de fevereiro de 2025

A aranha armadeira (foto), marrom e viúva negra são comumente encontradas na região, requerendo precaução e cuidados para evitar acidentes / Foto: Reprodução

Carlos Renato

PASSOS – O biólogo e especialista em vigilância sanitária Jean Cristhian da Silva alerta sobre cuidados para evitar acidentes com animais peçonhentos, que, dependendo da gravidade, podem ser fatais.

“O veneno pode ser injetado por meio de ferrões, presentes em abelhas e vespas, pelo aguilhão, situado na extremidade do abdome dos escorpiões e também, como ocorre em aranhas, através de quelíceras, que são aparelhos bucais com formato de pinça e servem como defesa e alimentação”, explicou.

Sobre as serpentes, o biólogo alerta que todas são peçonhentas. “Esses animais injetam o veneno através de dentes canaliculados, semelhantes a agulhas de injeção. Em resumo, um animal é peçonhento se ele apresentar uma estrutura na qual a peçonha, ou veneno, pode ser injetado. Há animais que possuem glândulas de veneno, mas não dispõem de qualquer estrutura para inoculação, assim, estes são classificados como animais não peçonhentos, como é o caso de rãs, sapos e pererecas”, destaca Jean.

O biólogo lembra que o animal peçonhento é de grande interesse médico, pois apresenta perigo para o ser humano, por causar acidentes que podem ser leves, moderados ou graves, podendo levar a óbito. “Existem diversos fatores que influenciam na gravidade do acidente com animais peçonhentos, como a espécie do animal, a quantidade de veneno injetada e as condições de saúde do indivíduo acometido”, destaca.

Região

Segundo o especialista, na região do sul de Minas tem diversas espécies em habitat natural. “O escorpião amarelo e o marrom são comumente encontrados na nossa região. Dentre as aranhas, três gêneros são considerados de interesse médico, causando acidentes graves à população, sendo a aranha marrom, viúva negra) e armadeira. Já entre as serpentes, quatro gêneros são facilmente encontrados na nossa região, são elas: jararacas, cascavéis, corais-verdadeiras e surucucu”, exemplifica Jean.

“O habitat natural desses animais, assim como qualquer animal silvestre, são matas tropicais, úmidas e no caso de algumas espécies, adaptadas ao clima e vegetação savânica, como o cerrado brasileiro. No entanto, nos últimos anos a ação antrópica tem causado cada vez mais um aumento da perda de biodiversidade e desequilíbrio no habitat natural destes animais, ocasionando a migração de espécies para o espaço urbano”, ressalta o biólogo.

Para o profissional, as mudanças climáticas também interferem no índice de ataques. “É um fator crucial para a migração de espécies de interesse médico de seu habitat natural para o ambiente urbano, esse desequilíbrio no ecossistema provoca um ambiente mais quente e úmido, propício para a proliferação destes animais. Todas as ações antrópicas, ou seja, causadas pelo homem, como desmatamento, queimada e poluição ocasionam a perda de biodiversidade e destruição do habitat de animais peçonhentos”, reforça Jean.

Subnotificações

O biólogo esclarece que os acidentes com animais peçonhentos são considerados um problema de saúde pública, devido a ocorrência de casos subnotificados, sendo difícil traçar com precisão um perfil epidemiológico dos acidentes ocorridos tanto em área urbana como em zona rural.

“Na zona rural, o que ocorre é que comumente a população tem o costume de recorrer a tratamentos caseiros, utilizando plantas e práticas baseadas em crenças passadas de geração a geração e como muitos acidentes ocorrem em locais distantes das cidades, muitas pessoas optam por não procurar assistência médica”.

Segundo o profissional, em contrapartida, na cidade o aumento de casos de acidentes provocados por animais peçonhentos é por conta da migração para a área urbana.

“Esses acidentes, dependendo do contexto, têm aumentado principalmente no verão e em áreas com saneamento básico precário. É comum encontrar aranhas, escorpiões e com menos frequência serpentes em locais com grande quantidade de entulho como terrenos baldios, quintais de casas e até mesmo praças”, informa.

Cuidados e medidas de segurança

Segundo o biólogo, alguns cuidados básicos podem ser tomados para evitar acidentes com animais peçonhentos. “Em casa é importante sempre verificar calçados antes de usá-los, pois podem servir como refúgio de aranhas e escorpiões, evitar que camas e sofás fiquem em contato direto com paredes, vedar frestas e buracos na parede ou assoalhos e é de suma importância manter quintais e jardins sempre limpos e evitar o acúmulo de lixo e entulhos, sempre que necessário a limpeza destes ambientes, utilizar luvas e dobrar a atenção ao manusear objetos que podem servir como abrigo para estes animais”, afirmou Jean.

Conforme orienta o biólogo, em caso de acidentes, medidas básicas de primeiros socorros devem ser tomadas, como lavar o local da picada com água e sabão e ir ao hospital ou posto de saúde mais próximo.

“No caso de acidentes com serpentes, se possível, fotografe o animal, pois existe um soro específico para cada gênero de serpente. Há um mito popular amplamente disseminado que após um acidente com animal peçonhento deve-se fazer um torniquete no local afetado, esta prática é expressamente desaconselhada, pois pode piorar a circulação do sangue no local aumentando o risco de necrose e amputação de membros. É aconselhado também não passar nada no local da picada e não sugar o local para tentar extrair o veneno”, alerta.

O profissional reforça que as consequências decorrentes por envenenamento com animais peçonhentos podem variar de leves, como dor, vermelhidão e inchaço no local da picada, moderadas, como tontura, náusea, vômito, e graves, podendo causar alterações cardíacas, dificuldade para respirar, hemorragia e até mesmo necrose no tecido acometido. “É necessário atendimento médico imediato, pois pode sim levar a óbito se não tratado”, alerta.