PASSOS – Associados da Cooperativa Agropecuária do Sudoeste Mineiro (Casmil), ligados ao ex-presidente Leonardo Medeiros, questionam uma negociação feita pela atual diretoria sobre a venda de imóveis localizados no Brás, centro de São Paulo, por meio de alienação judicial feita para a empresa Burgenstok Participações Ltda.
Segundo eles, a nova diretoria, presidida por Renato Medeiros, teria substituído uma negociação no valor remanescente de mais de R$ 21 milhões, que daria para pagar quase a totalidade da dívida com bancos e fornecedores, pelo recebimento de um imóvel no Tatuapé, também em São Paulo, conforme consta na escritura juntada pela própria cooperativa em ação trabalhista.
Segundo o grupo, o problema é que o imóvel tem apenas 2.735 m², enquanto os que pertenciam à Casmil têm 10.000 m² e estão localizados em região muito mais valorizada, o que levantaria suspeita em relação ao negócio, uma vez que, o preço do metro quadrado do primeiro, a ser recebido em pagamento, é quase quatro vezes maior daqueles vendidos pela Casmil. O que eles chamam atenção também no negócio é que a dação do imóvel para a Casmil não foi efetivada, pois depende de algumas condições. Ou seja, a Casmil teria transferido imóveis de valores milionários e não recebeu o outro imóvel prometido.
Outro problema identificado pela assessoria do grupo é que, com este novo negócio, a Casmil assumiu ainda parte da dívida de IPTU dos antigos imóveis, contrariando o acordo judicial que previa que todo o valor em aberto seria arcado integralmente pela compradora Burgenstok, sendo assim, “a proponente declara que tomou conhecimento sobre os valores em aberto e arcará com a integralidade dos débitos, inclusive despesas e honorários devidos a parte adversa em eventuais execuções fiscais promovidas pelo Município de São Paulo”.
Pelo que a assessoria do grupo de Leonardo apurou, a dívida atual de IPTU está em aproximadamente R$5 milhões, mas a compradora só pagaria até o valor de R$1,5 milhão. Sendo assim, a Casmil, com o negócio feito pela atual gestão, poderia ter que pagar mais de R$ 3,5 milhões.
Ainda de acordo com a assessoria, a empresa SP GO! JacirendI, que passou a ser a nova devedora em razão da escritura com novação, substituindo a Burgenstok, não é proprietária de 100% do imóvel prometido à Casmil, o que preocupa ainda mais os cooperados.
Sustentam ainda que, a atual diretoria, na assembleia realizada em março, informou que há valores a receber em dinheiro, mas alertaram que não é o que está expresso na escritura, pois estaria expresso que o total seria pago pelo imóvel em Tatuapé/SP, não prevendo qualquer outro pagamento. A Casmil ainda deveria arcar com as despesas de transferência, com impostos e escrituras.
Demolição da fábrica
Além dos imóveis, esse grupo de cooperados ainda levanta dúvidas sobre a demolição da indústria no Centro de Passos, pois o local foi dado em garantia hipotecária para o Banco do Brasil. Assim, estão apreensivos se houve ou não autorização para a demolição, e temem por mais prejuízos, apesar da atual diretoria ter afirmado em Assembleia Geral a licitude da ação, sem, contudo, comprovar a aprovação pelo credor.
Casmil
A assessoria jurídica da atual diretoria da Casmil, consultada ontem sobre esses questionamentos, não quis aprofundar na análise. Esclareceu apenas que a venda do terreno do Brás foi realizada pela gestão do ex-presidente Leonardo Medeiros em 2019, e não foi concretizada por pendências de documentação.
Ainda segundo a gestão, os atuais dirigentes sanaram as pendências em 2022, com atualizações de todas as certidões negativas e retomaram a negociação do imóvel do Brás, com o recebimento de parcelas negociadas pela diretoria anterior e o imóvel de Tatuapé ficou como garantia.
Sobre a demolição da antiga indústria de laticínios, a atual diretoria afirmou que foi aprovada em assembleia, e, a hipoteca com o Banco do Brasil é referente a uma negociação da antiga Cooperativa Central Leite Nilza, em 2022, não estando em garantia qualquer edificação, apenas o terreno.