Luciene Garcia
PASSOS – Associações de municípios e de empreendedores, agricultores, turistas e moradores comemoram a capacidade máxima no Lago de Furnas, atingida em abril deste ano, mas fazem um alerta para medidas que garantam a manutenção do nível que possibilite o uso múltiplo da água e a segurança energética.
A União dos Empreendedores dos Lagos de Furnas e Peixoto (Unelagos), Associação dos Municípios do Lago de Furnas (Alago) e movimentos sociais alegam que tiveram papel fundamental no trabalho de recuperação do nível do reservatório e que comemoram o impacto positivo na geração de emprego e renda em setores como o turismo e pesca.
O reservatório da Usina Hidrelétrica de Furnas atingiu 100% do volume útil no dia 4 abril, fato que não era registrado desde março de 2011. Segundo informações de Furnas, em função das chuvas recentes na região, o vertedouro foi aberto, às 8h30 do mesmo dia, em 500 m³/s para controle de nível de reservatório. Esta foi a segunda vez que a UHE Furnas abriu vertedouro este ano, a primeira ocorreu em janeiro.
Segundo o presidente da Unelagos, Thadeu Alencar, a presença e união da sociedade civil e dos políticos mineiros foi essencial, porém ainda há fatores a serem observados para o desenvolvimento sustentável da economia da região.
“Certamente temos que comemorar, pois já sabíamos que os empreendimentos de todos os municípios seriam impactados de forma positiva após a volta do nível ideal esses mais de 10 anos de absurdos que ocorreram com o Lago de Furnas e isso só foi possível graças a um trabalho sério dos empreendedores e usuários do Lago, liderado pela Alago e com apoio da classe política mineira, que se uniu para que isso acontecesse, colocando Minas e os mineiros acima de quaisquer questões partidárias”, afirmou Thadeu.
Porém, é necessário que não se repita a situação do início dos anos 2.000, segundo Thadeu. “A população e a classe política conseguiram, com a recuperação do Lago de Furnas em seu nível máximo, um fato histórico, que apesar de óbvio com relação aos benefícios para todo o país, escondia uma série de situações absurdas que foram reveladas em inúmeras reuniões. Porém, nossa luta não pode e não vai acabar aqui. Ainda temos que garantir juridicamente o respeito à EC106, que fixou as cotas mínimas para Furnas e Peixoto e é alvo de uma ADIN, garantir um planejamento sustentável para o desenvolvimento da região, exigir o licenciamento ambiental do reservatório de Furnas, conseguir a mudança das outorgas dos lagos, cuidar da situação das ocupações nas margens e focar no saneamento básico que precisa ser muito melhorado. Não podemos acreditar apenas em promessas como acreditamos no início dos anos 2000, por isso precisamos de garantias reais de que nunca mais viveremos o pesadelo econômico e o crime ambiental dos últimos 11 anos”, diz.
Segundo a Unelagos, os trabalhos em parceria com a Alago continuam diariamente e envolvem a Assembleia de Minas, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MG), o Ministério Público de Minas Gerais, universidades como a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e membros da classe política mineira nas esferas municipais, estadual e federal que têm se dedicados a garantir de forma permanente o respeito ao uso múltiplo das águas, ao meio ambiente e ao desenvolvimento socioeconômico de toda a região do chamado Mar de Minas.