Às vésperas da Copa do Mundo do Catar, os torcedores só têm uma coisa em mente: levantar a taça de campeão. Os brasileiros sonham com o hexacampeonato desde 2002, quando o time que ficou conhecido como “a família Scolari” bateu a seleção alemã, com dois gols de Ronaldo Fenômeno, e se consagrou pentacampeão mundial. No entanto, a cada nova edição da competição, surge uma seleção que surpreende a todos, a famosa “zebra”.
A cada quatro anos as melhores seleções do mundo se encontram e, durante um mês, são disputadas as fases de grupos e as eliminatórias. O resultado final é, quase sempre, uma grande seleção levando o caneco. No entanto, parte da mística dos Mundiais reside nas equipes que chegam com poucas expectativas e terminam construindo uma bela trajetória, ganhando a simpatia e a torcida dos apaixonados pelo esporte.
A Copa do Mundo de 2014, disputada no Brasil, contou com uma “zebra” histórica. A modesta seleção da Costa Rica, pequeno país da América Central com pouco mais de 5 milhões de habitantes, formou o Grupo D com três campeãs do mundo: Itália, Uruguai e Inglaterra. Para todos, incluindo os especialistas, a Costa Rica seria o “saco de pancadas” do grupo.
Porém, o destino guardava uma grata surpresa. Logo no primeiro encontro, os costarriquenhos venceram o Uruguai por 3×1. Na sequência, a Costa Rica bateu a poderosa Itália com o gol solitário do atacante Bryan Ruiz. Na última rodada do grupo, e com a classificação garantida, Los Ticos, apelido da seleção costarriquenha, empataram sem gols com a Inglaterra, que junto à Itália terminaram eliminadas da competição.
Na fase eliminatória, a primeira rival da Costa Rica foi a Grécia. Os gregos estavam em boa forma e jogavam seu segundo mundial consecutivo. Além disso, eles levavam consigo a proeza de ser um dos maiores azarões do futebol europeu pois venceram a seleção de Portugal, dirigida na época por Luiz Felipe Scolari e com Figo e Cristiano Ronaldo no elenco, na final da Eurocopa de 2004.
A competição europeia é um celeiro de surpresas, pois, além da Grécia, a Dinamarca, outra seleção sem expressão, ganhou o título em 1992. Porém, no Brasil, a história foi diferente. Depois de uma disputa muito acirrada — com a Grécia empatando o jogo nos minutos finais — o jogo foi para os pênaltis. Keylor Navas, o goleiro costarriquenho, pegou uma das cobranças e sagrou-se o herói da classificação.
Nas quartas de final, o adversário foi outro gigante, o time da Holanda. Em nova partida igualada, Los Ticos e a Laranja Mecânica definiram o semifinalista nos pênaltis. Foi então que o conto de fadas acabou. Os holandeses venceram a disputa e seguiram vivos no mundial.
Na Copa de 2002, sediada no Japão e na Coreia do Sul, há também histórias para lá de surpreendentes. A seleção francesa chegou à competição como uma das favoritas ao título, afinal, era a atual campeã mundial. O primeiro confronto do time liderado pelo craque Zinedine Zidane parecia acessível, já que os franceses enfrentariam o Senegal.
A França começou pressionando e acertou a trave, porém, quem abriu o placar foi o volante Papa Bouba Diop, aos 30 minutos da primeira parte, e a partida acabou com a vitória senegalesa. O Mundial, que começou mal, terminou cedo para a França, que foi eliminada na primeira fase após empatar com o Uruguai e perder para a Dinamarca.
Outro “passeio da zebra” aconteceu nas oitavas de final. Um dos donos da casa, a Coreia do Sul, enfrentou a Itália, naquele momento tricampeã do mundo. Os italianos eram francos favoritos e abriram o placar no começo do jogo. Os sul-coreanos não se intimidaram e empataram o encontro no final da segunda parte. O empate levou a disputa para a prorrogação. O clima era tenso e o craque italiano Francesco Totti foi expulso na primeira parte da prorrogação, dando sinais de que o pior ainda estava por vir.
Faltando apenas dois minutos para terminar o duelo, o atacante sul-coreano coreano Ahn Jung-hwan, que jogava no clube italiano Perugia, anotou o “gol de ouro” que despachou os italianos do Mundial. E não acaba por aqui, a valente seleção da Coreia também venceu a Espanha nas quartas de final e só foi parada pelos alemães, na semifinal do torneio. Uma campanha histórica para os Tigres Asiáticos.
A Copa do Mundo de 2022 pede passagem. Os favoritos, entre eles o Brasil, estão realizando os últimos ajustes antes de fechar os elencos que disputarão a maior glória do futebol. Do outro lado, os azarões também estão se preparando para oferecer seu melhor jogo e, quem sabe, marcar seu nome como uma dessas surpresas que ocorrem a cada quatro anos. E para você, quem pode surpreender no Catar?