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Areal no Rio Grande corre risco de esgotar com a exploração

Mestre, doutor em geotecnia, e engenheiro geólogo Eduardo Goulart Collares, professor da Uemg Passos / Foto: Reprodução

Ézio Santos

 

PASSOS – O mestre, doutor em geotecnia, e engenheiro geólogo Eduardo Goulart Collares, professor da Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg) Passos, afirmou que há risco de encerrar a extração de areia para construção civil na área do Rio Grande, local explorado há décadas, por conta das variações extremas das condições climáticas e também pelas modificações provocadas pelo homem no meio ambiente.

As jazidas minerais fluviais, como a areia captada diariamente nas profundezas do rio, no trecho compreendido entre os condomínios de ranchos e chácaras Porto Velho e Três Ilhas, na divisa com o município de São João Batista do Glória, estão escassas, colocando em risco as empresas extratoras, compradoras e revendedoras de areia. O plano B, para não deixar os clientes sem o produto, é buscar areia retirada no solo seco nas jazidas de Ibiraci, próximo da divisa com o estado de São Paulo, na região de Franca.

A alegação dos areeiros de que a falta de chuva e o baixo nível do rio no período de estiagem tem provocado queda de 60% nas vendas, de certa forma tem razão, disse Collares. “De certa forma, o depósito de areia pode ser realimentado ao longo do tempo, principalmente pela ação das chuvas e da correnteza fluvial. É dessa forma que os pontos com mais quantidade voltam à normalidade, e não ocorrendo assim em longos períodos de seca”, disse.

Ele esclarece que a areia, antes de ser um produto mineral utilizado na construção civil, é descrita tecnicamente como um tamanho de grão (entre 0,6 e 2,0 mm), cujas dimensões estão entre o silte e o pedregulho. As utilizadas na construção civil devem ter tamanho de grãos dentro desses limites e devem ser constituídas por minerais inertes, que não reagem com a água ou com o cimento, como é o caso do quartzo, cuja composição química é SiO2.

“Dito isso, para que um depósito de areia empregado na construção civil tenha estas características, é preciso que no montante do rio haja substrato rochoso com estas características, possam ser intemperados e posteriormente alimentarem o depósito”, completou o geólogo.

Quartzo

Por ser fundamental na construção civil, a areia é uma faixa de tamanho do grão mineral que se descolou de uma rocha, por exemplo. Sendo assim, ela ocorre com diversas composições minerais, desde minerais deletérios (que reagem com a água e outros produtos) até minerais inertes, como é o caso do quartzo.

“Areia boa para a construção civil deve ser rica em quartzo e, portanto, em qualquer local onde houver uma rocha rica em quartzo e que se tornou o conjunto de partículas de uma rocha, pode se transformar em uma boa jazida para a construção civil. Não necessariamente os depósitos que estão em rios”, clareou Collares.

Revelou ainda que o substrato rochoso na região de Passos é composto, predominantemente, por quartzito, único rico em quartzo, e pode dar origem a uma excelente areia, mais xisto e gnaisse. O problema é que o quartzito possui também uma baixa quantidade de outro mineral, a mica, o que pode diminuir a qualidade do produto para ser utilizado na construção civil, conforme for a porcentagem desse mineral na areia.

A recuperação dos areais fluviais ou jazidas, como se executa do desmatamento florestal, é possível, afirmou Collares, porém é apenas com a suspensão da retirada do produto por um determinado tempo. Fora isso, estarão sempre dependentes de fatores climáticos que poderão alimentar o depósito.

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