27 de março de 2025
Joãozinho no andador improvisado confeccionado por uma parente de dona Antônia / Foto: Arquivo FM
Leonardo Natalino
PASSOS – Antônia Amélia Souza, de 86 anos, e a filha dela, Gleida Souza, de 67 anos, encontraram um propósito inesperado ao adotarem como pet Joãozinho, um galo que perdeu os dois pés.
As duas, que são aposentadas e moram no bairro Carmelo, em Passos, improvisaram, com a ajuda de parentes, adaptações para que o animal pudesse se locomover pela casa.
O galo Joãozinho tem oito anos e, na verdade, foi comprado por dona Antônia, há cerca de cinco anos, com uma vendedora no Carmelo por R$ 100. “A mulher queria me vender um branco, o irmão dele. Eu disse ‘não, não gosto de galo branco, quero aquele amarelo’”, relata.
Joãozinho não é o primeiro galo de dona Antônia que, junto da filha, Gleida, criam outras cinco galinhas e seis pintinhos, mas ele é o primeiro a ser tratado como pet, vivendo dentro da casa das senhoras.
Durante consultas ao veterinário, não são poucos os que se surpreendem ao verem um galo sem pés ser tratado como gato ou cachorro. Alguns até confundem. “O pessoal estranha quando levamos o Joãozinho ao veterinário, alguns dizem que nunca viram um galo. Tem gente que confunde com gato ou cachorro”, diz Gleida.
A ave perdeu o primeiro pé há cerca de oito meses, devido a queimaduras que surgiram no membro por conta do chão quente do quintal durante o período de onda de calor e ausência de chuva na cidade.
“O quintal de casa é cimentado e durante os meses de muito sol e sem chuvas no ano passado ele queimou um dos pezinhos. Chamamos um veterinário que todos os dias aplicava injeções nele. O veterinário disse que não podia operar porque o pé cairia sozinho”, afirma a filha.
“Levamos ele a um outro veterinário que fazia curativos com frequência. Mas, por conta do Benzetacil, o pé secou. Então foi feita cirurgia para tirar o primeiro pé, há oito meses”, explica. Depois de cinco meses, mesmo sem andar no chão quente do quintal, ocorreu o mesmo com o outro pé de Joãozinho, que também foi amputado.
Antes de perder os pés, Joãozinho dormia em um colchão na cozinha. Agora, com dificuldade para se locomover, ele passa os dias em uma bacia, onde descansa, e no andador, feito de maneira improvisado por um parente das cuidadoras, onde foram colocadas vasilhas com comida e água.
O cardápio preparado por Gleida para Joãozinho é farto. Segundo ela, o galo “come o dia inteiro”, variando as refeições entre ovo, tomate cereja, alface, canjiquinha, repolho e ração. Gleida afirma que troca a água da ave cerca de 15 vezes ao dia, devido à predileção dele por água fresca.
Além do andador, Joãozinho pode ganhar outro presente nos próximos meses, já que a família consultou uma empresa especializada em fabricação de próteses para animais, localizada em Barretos (SP). Mas, enquanto a prótese não chega, o galo anda pela casa usando um par de All Star, o primeiro calçado da coleção, que deve ampliar com um de crochê que está sendo confeccionado por uma parente e por uma bota de couro.
Comparado a pets tradicionais, o gasto com Joãozinho não fica atrás. Para remover os dois pés a família desembolsou R$ 600, além dos custos com injeções e curativos que são feitos cerca de duas vezes na semana, que custam R$ 35.
Mesmo com todo esse “mimo”, Joãozinho está sem cantar há cerca de 10 dias, o que entristece dona Antônia, que relembra o canto do companheiro. “Ele cantava tão bonito antes. Cantava muito. Agora, tem uns 10 dias que ele parou e não sabemos o motivo”, diz a senhora.
Fotos: Arquivo FM