Opinião

Amar nas palavras e ações

29 de abril de 2024

Foto: Reprodução

LUIZ GONZAGA FENELON NEGRINHO

No processo natural, à espera de novas espécies, inicia-se por preparar a terra com a arte do amor. Nada de fazer por fazer. Depois é semear e ou plantar com desvelo, como se fora a aplicação do bem fraterno em forma de bênção no trato com o próximo.

         Alguém na ponta pode não agradecer o alimento para o físico e para a alma. Mas o que importa? Em permitida farra temporal, entre aromas que se exalam de corpos, procura-se colher esperança num mundo novo de velhos métodos de parcas esperanças. É como fazer de situações preestabelecidas substância química e primordial para a nossa tão almejada felicidade, risonha na essência, não importando a finitude. A brevidade da vida se impõe.

         Valoroso é estar em paz com a consciência, dormir tranquilo. Não essa de dormir chapado ou à base de psicotrópicos. Isso não faz descansar o corpo e a mente em repousantes sonos. Absolutamente, não. O importante é dormir com o carinho da alma.

         Nos mercados oficiais e paralelos dos travesseiros da vida, mais ou menos assim: comecemos por amar o próximo, o nosso semelhante. Ainda que não compartilhem de nossos valores. Depois, em caráter de reciprocidade, sem mercancia, é esperar na bucha que sejamos compartilhados e amados na esteira da fraternidade da terra preparada e (com)prometida. Nada de conluio rasteiro, mesmo porque não há como, nos procedimentos primários, dar-se a aventuras da ambiguidade.  

         Quão gostoso é na sorte. Não pagamos tributos, taxações e impostos pela interposição do sentimento pleno. Tal como uma revoada de pássaros em harmonia com as estações, cantando em frenéticos sons em louvação à natureza, bendita natureza.

         E em caráter temporal, ficamos presos e afixados na literalidade da expressão, por motivo basilar: doar-se sem o interesse mesquinho da obtenção da volta, de lucros e dividendos, os quais, infalivelmente, acontecem, não pela exigência da jogatina vil, o esperar a volta por negócio ajustado. Não é bem assim, nunca funcionou assim.

         Tão ou mais facilmente, como o aguardo da manhã que, por dádiva estoura, vem e zela. E surge graciosamente para desejar-nos “um bom dia”, talvez um “olá”, pode ser um “oi”, ou “ei”, na simbiose do afeto, ternura, doçura e carinho invejáveis, sustentados apelos, do ser e não ser, mesmo na contramão de ácidos e áridos dias, nem sempre no conforto salutar.

         E na conjugação das leis naturais, na observância da física dos homens, costuradas em linhos por mãos de benfeitor maior, nos firmamos na desenvoltura do livre pensamento: o de que a vida é porque é; tem que ser. E, na multiplicidade de suas variáveis e condicionantes valem o recibo e a procuração outorgados e ajustados.

         E a despeito das adversidades e incoerências nela contidas, em vida e pela vida, se o amor é tudo, nossa existência por igual e tamanho, é confluência do sentimento maior e incondicional. Nada se cobra, pouco se exige. Nas idas e vindas, marchas e contramarchas, tornam-se importantes o objetivo e imperativo do tudo a concretizar-se.

         Assim se toca e dança, em ritmos simetricamente divididos e em tons melodicamente afinados. Como em lira no compasso estelar de bons modos, sob encantos que o universo oferece. E há que dignificar e enaltecer em infinita dádiva, a fim de que ninguém fira pé alheio e todos possam aplaudir a magnificência do gesto dançante. Quando, no sortilégio de encantados jardins, haverá a concessão de firmes tablados nas delícias da natureza voltada para o belo e em mutação transcendental.

         E na profusão de sorrisos largos e sortidos e firmemente solidificados, em retumbante fortaleza, no todo pronto e nada por acrescentar, é o encanto do divino a se valer na função ao que foi destinado.

          Assim, em dignificante busca da certeza, na glória eterna, se possa manifestar: Deus seja sempre contigo. Lembrando, no tempestivo. Nos últimos dias de seu ministério mortal, Jesus deu a seus discípulos o que seria o novo mandamento: “Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei” (João 15:12)  

         Amém!           

         LUIZ GONZAGA FENELON NEGRINHO, advogado, escreve aos domingos nesta coluna. (luizgfnegrinho@gmail.com)