25 de setembro de 2024
Foto: Reprodução
ATAÍDE VILELA
Conforme a sua extensa biografia, Alysson Paulinelli nasceu em 10 de julho de 1936, cidade de Bambuí que fica bem perto daqui. Seu pai que foi também engenheiro agrônomo era responsável pelo posto agropecuário da cidade. Com apenas 15 anos de idade foi residir em Lavras para cursar o ensino médio no Instituto Presbiteriano Gammon. Em 1959 formou-se como engenheiro agrônomo pela Escola Superior de Agricultura de Lavras – ESAL, hoje UFLA – Universidade Federal de Lavras. No mesmo ano tornou-se professor e logo em seguida diretor da ESAL. Fez pesquisas e especializou-se no desenvolvimento de grande potencial do cerrado brasileiro para a produção agrícola. Paulinelli como visionário que era foi o mentor da ocupação do cerrado e por consequência pela criação da chamada agricultura tropical.
Paulinelli teve uma carreira brilhante. Foi secretário de Estado de Agricultura de Minas Gerais por três vezes e assumiu o desafio de implantar uma nova matriz produtiva no Estado, baseada na incorporação de tecnologias e políticas de crédito estimuladoras de modernização. Nesta secretaria focou sua atuação no aumento da produção de alimentos sem esquecer dos conceitos de sustentabilidade. Isto acabou despertando a atenção do governo federal que logo o convidou para ser ministro da Agricultura. Como ministro da Agricultura no governo Geisel (Março/1974 a março/1979) se destacou por promover a modernização da Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária e a ocupação econômica do Cerrado com a implantação da Embrapa Cerrados. O Brasil iniciava assim sua caminhada para se transformar numa das maiores potências agrícolas e exportadoras de alimentos do mundo. Ele foi eleito também como deputado federal (fez parte da Assembleia Nacional Constituinte) por Minas Gerais, sendo um dos responsáveis pela elaboração de nossa Constituição Federal vigente no país.
Naquela época, a produção agrícola do Brasil não era expressiva, o país produzia pouco, inclusive era importador de alimentos. Paulinelli implantou politicas marcantes para o setor, revolucionando e aumentando de forma exponencial a produção de alimentos, especialmente com o desenvolvimento de culturas no cerrado brasileiro, o que acabou abrindo novas fronteiras agrícolas como na região centro-oeste do Brasil. Em 2021, foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz pela contribuição e dedicação à agricultura tropical, segurança alimentar e sustentabilidade que as novas tecnologias trouxeram à produção de grãos no Cerrado brasileiro em larga escala.
Fico imaginando muitos brasileiros se destacaram em suas atividades ao longo de nossa história. Mas Alisson Paulinelli com certeza foi um dos mais marcantes de nossa história! Por isto, mereceria ter sido homenageado com o Premio Nobel. Mas infelizmente isto não aconteceu. A grande homenagem como brasileiros que deveríamos prestar a ele seria preservar os seus grandes feitos e conservar tudo que fez como pai da agricultura dos trópicos – para o nosso país. Esta será a melhor forma de fazer justiça a Alisson Paulinelli, este grande visionário do desenvolvimento do agronegócio brasileiro. As grandes conquistas deixadas por ele evidenciam o seu grande legado. O Governo Federal para preservar estas grandes conquistas de Paulinelli deixadas para o nosso país, deveria elaborar e implementar de forma urgentíssima um Plano de Ação Estratégico para enfrentar as gravíssimas mudanças climáticas que já estão nos atingindo e é sem dúvida alguma uma ameaça séria que poderá comprometer a produção de grãos e alimentos do Brasil. Exemplos disto não faltam como: a devastação do estado do Rio Grande do Sul e outras grandes tragédias que estão por vir e acontecendo mundo afora.
Um Plano de Ação Estratégico e Emergencial bem elaborado para o Brasil enfrentar as drásticas mudanças climáticas com a participação de nossos grandes cientistas de diversas áreas como: INPE, Embrapa, universidades, etc. poderá salvar, preservar e manter a alta produtividade de grãos no Brasil e não só salvar este patrimônio do Brasil que precisa ser muito bem cuidado, mas também providencial para salvar e preservar vidas, evitando tragédias como infelizmente aconteceu no sul do Brasil com o povo gaúcho. O Governo Federal precisa agir rápido e de forma providencial para não perdermos mais vidas e este grande legado deixado por Paulinelli. O resto é conversa fiada para “fazer boi dormir”.
ATAÍDE VILELA, engenheiro civil, foi prefeito de Passos nas gestões 2005/2008 e 2013 a 2016.