6 de maio de 2023
Neges do IFSul de Minas pretende expandir debates sociopolíticos para a população./ Foto: Divulgação.
Yngrid Horrana
PASSOS – Os alunos do 7º período do curso de Administração do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas (IF Sul de Minas) campus Passos realizaram, na última sexta-feira, 5, o primeiro evento do projeto de extensão em 2023, com o tema “Inclusão Social e Diversidade: direitos humanos e relações de gênero, raça e orientação sexual como fundamentos da igualdade”. O projeto é realizado por meio do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Gênero, Educação e Sexualidade (Neges).
Segundo os organizadores do Neges, o evento foi aberto ao público e recebeu cerca de 300 pessoas no auditório do instituto, com palestras ministradas pelo advogado Sidney Silva e pela psicóloga Lívia Ribeiro.
De acordo com a psicóloga e estudante de psicanálise, Lívia Ribeiro, aprofundar temas como constituição da família, misoginia e condições em que as mulheres são submetidas na sociedade patriarcal é importante. “Para nós, que lutamos contra a violência, precisamos saber o que constitui essa violência. Com isso, podemos salvar uma vida”, disse.
Segundo ela, no evento foi possível contextualizar as violências dentro da sociedade, através de exemplos do cotidiano, recomendações literárias e dinâmica individual. Lívia também afirma que o intuito da palestra foi estimular o público a refletir sobre como as relações de classe, etnia, raça e gênero estão inseridas no sistema capitalista.
O prefeito de Alpinópolis, Rafael Freire, que esteve nas palestras, destacou a importância de fortalecer o intercâmbio entre a população de Passos e de Alpinópolis, principalmente na esfera da educação, cultura e assistência social. “Sou o primeiro prefeito assumidamente homossexual no município e considero ser muito representativo a gente debater essas questões como políticas públicas. Estamos caminhando para a criação do Conselho LGBTQIA+ de Alpinópolis”, disse Freire, que estava acompanhado de responsáveis das pastas de Cultura e Educação.
De acordo com o estudante do 7º período de Administração Bruno Silva, começar um projeto como esse e ver o instituto lotado é motivo de alegria. “Enquanto homem gay e membro do núcleo de estudos, o evento foi além das minhas expectativas. É importante debater questões socioestruturais em uma instituição de ensino pública. Eu espero que [o evento] seja uma semente e que todos que vieram aqui levem isso para a família, no trabalho e no dia a dia”, comentou.
Para a estudante do 7º período de Administração e membro do Neges Maria Paula de Souza Pereira, os temas escolhidos para serem abordados nas palestras e minicursos foram fundamental para que a população acredite nos resultados da luta contra o racismo, misoginia, LGBTfobia e apoie o investimento em políticas públicas. “Passamos por anos tenebrosos e precisamos voltar a ocupar os nossos espaços, o nosso lugar de fala. Estamos plantando uma sementinha. Mesmo fora do instituto, com o Neges deixará um legado”, disse.
Segundo a estudante Thaís, do 1º período do curso de Tecnologia em Design de Moda, o racismo é um tema que deve ser falado com maior frequência. Ela aponta também as maneiras como pessoas brancas podem promover o antirracismo e contribuir para o desenvolvimento de uma sociedade com mais respeito e dignidade. “Divulgar eventos e palestras como esse, denunciar e se informar sobre o racismo e suas consequências, tudo isso é importante para o futuro da sociedade e para honrar o passado das pessoas que sofreram ou sofrem com essa discriminação”, aponta.