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Aluno autista teria sido chamado de ‘fardo’ por outros estudantes

COLEGAS ALEGARIAM QUE ESTUDANTE AUTISTA PREJUDICARIA A NOTA DE TRABALHOS EM GRUPO / Foto: Reprodução

PASSOS – Um estudante autista do quinto período de Medicina na Universidade Estadual de Minas Gerais (Uemg), campus Passos, teria sido alvo de discriminação por parte de servidores da instituição de ensino e de colegas de turma. Os familiares alegam que o rapaz sofreu capacitismo e estão tomando providências legais sobre o caso.

De acordo com familiares, em uma reunião realizada no dia 31 de março entre professores e alunos, alguns colegas demonstraram insatisfação por trabalhar em grupo com o jovem autista. Eles teriam afirmado que suas notas eram prejudicadas e chegaram a se referir ao estudante como um ‘fardo’ para a turma.

“O que houve na Uemg foi um caso grave de capacitismo em desfavor do meu cliente. Ele sofreu esse ato de preconceito, denominado capacitismo, enraizado na sociedade brasileira, que ganhou nome e notoriedade há pouco tempo”, diz o advogado da família, Fernando Proença.

“O autismo é uma condição. Quando você se refere a uma pessoa autista, você não diz que ela tem uma doença, mas que ele está na condição de autista. Mas para fins legais, o autista se encaixa na lei de pessoas com deficiência. Então, todos os direitos que um PCD goza, o autista também goza, mesmo o autismo não sendo uma doença. À vista disso, se meu cliente é PCD, ele sofreu capacitismo”, afirma o advogado.

A família relata que o estudante conseguiu registrar parte da reunião em áudio. Com base na gravação, os pais encaminharam um e-mail à universidade solicitando uma investigação sobre o caso.

Após a reunião, no dia 2 deste mês, data que celebra o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, foi realizada nova reunião com o aluno e colega de turma. Todos foram punidos com advertência, inclusive o estudante autista.

Nota da Uemg

Em resposta ao ocorrido, a universidade encaminhou uma nota.

“A Universidade do Estado de Minas Gerais – Unidade Passos – informa que tomou conhecimento sobre a situação envolvendo uma suposta atitude de cunho capacitista ocorrido no curso de Medicina. A Instituição repudia veementemente qualquer forma de discriminação e reforça seu compromisso com a promoção de um ambiente acadêmico inclusivo, ético e respeitoso para todas as pessoas.

A Direção Acadêmica já instituiu uma Comissão de Inquérito Disciplinar para apurar rigorosamente os fatos e adotar as medidas cabíveis conforme previsto no regimento institucional. A Universidade está comprometida em conduzir o processo com seriedade, responsabilidade e respeito.

Reiteramos nosso compromisso com os valores da diversidade, da equidade e da dignidade humana, princípios fundamentais em nossa missão educacional.”

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