Opinião

Além de golpistas são entreguistas

9 de agosto de 2025

Foto: Reprodução

O nosso passado histórico demonstra o quanto o “entreguismo” foi e continua sendo deletério para o povo brasileiro. O que se entende por entreguismo? “Entreguismo” refere-se a atitude ou prática de entrega ou submissão a interesses estrangeiros, geralmente em detrimento dos interesses nacionais, seja nos aspectos culturais,’políticos e econômicos. Um substantivo usado para descrever o posicionamento político ou econômico de vassalagem que favorece a influência ou controle de outros países, com enormes prejuízos para a soberania e desenvolvimento nacional. Na prática o entreguismo se processa quando um governo ou partidos políticos adotam discursos e medidas que favorecem interesses estrangeiros, trabalham em favor de outros países, acarretando perdas e ou remessas de lucros escusos e riquezas gratuitas  para o exterior.

As origens do entreguismo estão relacionadas com as práticas neocoloniais e bem presentes em países suscetíveis aos regimes autoritários ou subdesenvolvidos e atrelados à dependência de alguma potência econômica mundial.  O Brasil, como demais países da América Latina, passou por longos períodos pós Independência atrelados aos interesses de uma metrópole imperialista europeia (Inglaterra) e a partir do século XX sobre a influência dos Estados Unidos da América-EUA. E tal processo gerou a cultura do entreguismo em razão das contradições políticas e ideológicas classistas, uma vez que a nossa elite sempre exerceu o triste papel de capacho do capital externo. Este modelo entreguista  era e ainda  é uma prática que mantém fortes laços de submissão aos EUA, por parte de vários setores nacionais. Não é coincidência que o entreguismo  no Brasil, ontem e hoje tem forte defesa dos partidos da direita, verdadeiros  ninhos da produção e da proliferação de pseudos patriotas que não se envergonham de submeter o país aos interesses do “Tio Sam”.

Os atuais eufóricos entreguistas são os mesmos golpistas que se orgulham em demonstrações explícitas de submissão aos EUA. O ex-presidente Bolsonaro nem se corou quando beijou a bandeira norte-americana e ainda fez questão de divulgar nas redes sociais. O lema entreguista, “o que é bom para os Estados Unidos é bom para Brasil” foi dito na década de 1950 pelo governador Juracy Magalhães (1905-2001), que governou a Bahia por três vezes, era  lider da UDN, o partido fonte dos atuais partidos de direita do Brasil. O ressurgimento do entreguismo e do comportamento de vira-latas retornou ao Brasil de forma explícita com a ascensão de Jair Bolsonaro à presidência da República.

Chega a ser vergonhoso o viralatismo demonstrado nas manifestações bolsonaristas do último dia 3/8 (domingo) pelo país. Um verdadeiro show de horrores de lesa-pátria, a começar pela ostentação de milhares de bandeiras dos EUA ao custo de R$60,00 cada, e das sebosas bajulações ao presidente Trump dando a impressão ser este o
presidente do Brasil. Veja algumas das mensagens escritas ou ditas em discursos : “Vamos fazer barulho para o Trump, ele é brabo”; e até faixas em inglês, “SOS Trump help the people of Brasil”, e um agradecimento, “thank you Trump”. Um banner foi fixado no carro de som e nele se lia “BolsoTrump” e “TrumpNaro”. Teve também elogios ao
traidor Eduardo Bolsonaro pelo seu “excepcional” trabalho que resultou no Tarifaço e na aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre Moraes. E não se esqueçam, o badboy Eduardo Bolsonaro quer ver o Brasil “terra arrasada para se sentir vingado”. Brava gente brasileira “verás que um filho teu não foge a luta”, e alguns mesmo
quando essa luta se traduz em traição contra a sua própria pátria! Essa gente golpista diz que vivenciamos uma ditadura. Generosa “ditadura” que permite manifestações golpistas contra suas autoridades e instituições! Só rindo!

“Se cinco bilhões de pessoas acreditam em uma coisa estúpida, essa coisa continua sendo estúpida.” (Autor Anatole France)

Esdras Azarias de Campos é Professor de História