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Acidente interrompe carreira de Lorrayne, corredora de 16 anos

Lorrayne, aos 16 anos, se dedicava nos treinos, nos estudos e no trabalho./ Foto: Divulgação.

Rafael Marcon

PASSOS – O sonho da corredora passense Lorrayne da Silva Chagas, de 16 anos, foi interrompido em um trágico acidente de carro no km 344 da rodovia MG-050, na madrugada do último domingo, 28.

Especialista em corrida de rua, a jovem era considerada uma joia do atletismo da cidade e colecionava troféus na estante de casa. Além de Lorrayne, no acidente também morreu o jovem João Pedro da Silva Borges, de 24 anos, que conduzia o carro onde eles estavam.

Corredora desde os 11 anos, Lorrayne começou a competir ainda muito jovem. Segundo a família, ela se apaixonou pelo esporte depois de participar de um projeto realizado no Centro de Aprendizagem Pro-menor de Passos (Capp). A partir de então, iniciou uma trajetória de títulos e conquistas com o esporte.

A mãe de Lorrayne, Dayane Silva, que trabalha como auxiliar de educação, sempre viu potencial na filha. Para ela, a jovem iria se tornar uma grande atleta, além de uma grande pessoa. “Sinto muito orgulho. Eu incentivava ela no esporte, desde que ela também estudasse. E ela sempre correu atrás de suas coisas. Como mãe, vejo que ela seria sim uma grande atleta”, disse.

Emocionada, dona Dayane, afirma que a filha era sorridente e feliz com a vida. “É muito difícil. Eu gosto de lembrar da maneira como ela era com a gente aqui. A Lorrayne era brincalhona, sorridente, tinha uma luz por onde passava. Nada tímida. Falava bastante, era muito comunicativa”, relembra

Dayane afirma que a filha conciliava estudos, trabalho e corrida, com muita dedicação e carinho em tudo que fazia. Além de boa filha, Dayane conta que Lorrayne também era uma ótima irmã, sendo a “do meio”, entre Larissa Cardoso, e as duas mais jovens, as gêmeas Lorena da Silva e Luana da Silva.

Nos relatos da família, foi possível perceber como Lorrayne gostava da rotina puxada. Ainda na juventude, ela começou a trabalhar em uma pastelaria e usava o dinheiro do trabalho para participar de competições em outras cidades.

De acordo com o padastro de Lorrayne, Roberto Torres, o jovem João Pedro da Silva dirigia o carro onde eles estavam, um Classic, e era habilitado e responsável na direção. No carro também estava João Paulo, de 23 anos, que sobreviveu à tragédia.

“Ela era amiga de todo mundo. Me lembro que viajava, ganhava troféus, e a primeira coisa que fazia era entregar para a mãe. Dedicada, trabalhadora, era uma menina guerreira. Penso que Lorrayne era um bem enorme para a família”, disse o caminhoneiro.

Integrante da Boy Nova Geração Runner, projeto independente do corredor Alexandre Lino, o “Boy”. A menina treinava todos os dias, geralmente na parte da manhã, com descanso de um dia no fim de semana.

Treinador

Alexandre Lino Pereira, o “Boy”, acompanhava a trajetória de Lorrayne da Silva Chagas desde muito cedo e que, além da alegre e sorridente, ela era séria nos treinos.

“Eu e ela era risada o tempo todo. Era uma zoação, no bom sentido. Todo momento a gente ria, sem forçar nada, bastava estar um perto do outro. Mas quando era a hora do treino, o bicho pegava. Eu fazia Lorrayne focar, porque sabia do potencial dela. Pedia pra ela se alimentar bem, se concentrar e correr com seriedade”, relembra Alexandre.

“Vi ela crescer. Começou a correr comigo mais ou menos em 2016. Tiha um potencial muito grande. Dedicada, humilde. Poderia ser uma das grandes atletas do país e da região. Com pouco idade, uns 12 anos, em uma das suas primeiras, ela já correu 5 km na Corrida dos Bombeiras. Achei aquilo incrível”, conta.

A jovem correu em competições em cidades como Ribeirão Preto (SP), Jacuí, São Sebastião do Paraíso, Uberlândia, Rifaina, Nova Resende, Pratápolis, Guaianases, entre outras. Na penúltima corrida, em Jacuí, ela conquistou o segundo lugar.

Foto: Divulgação.

Foto: Divulgação.

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