LUCIANA KOTAKA
Esta semana, após uma manhã deliciosa de trabalho, saí do meu consultório e quando abri o celular visualizei uma mensagem de uma amiga que me deixou perplexa. Eu havia postado uma foto no meu perfil e ela sem ao menos ler sobre o que se tratava me mandou uma mensagem agressiva. Esse tipo de comportamento me chamou muito a atenção, o que me fez parar, respirar e depois com calma responder.
O instinto de defesa é um comportamento inato que carregamos, sempre que nos sentimos agredidos tendemos a ter uma reação, porém hoje sabemos que nem sempre uma atitude reativa é o caminho mais assertivo. Se optarmos pela defesa imediata entraremos no mesmo comportamento disfuncional do agressor, agiremos no calor da emoção perdendo a oportunidade de fazer uma leitura mais apurada da situação. Voltando ao início do texto, a pessoa não leu o texto para entender o contexto da foto, e levada pelas emoções que suscitou nela, reagiu. Isso nada tem a ver comigo, e sim com as dores emocionais dela, com a forma que interage com o mundo quando se sente confrontada por alguma situação que mexe com algo não resolvido dentro dela.
Muitas vezes uma frase, uma foto ou até um comportamento pode nos tocar profundamente, sendo importante avaliar com calma antes de projetar no outro ou em qualquer situação algo do próprio contexto pessoal. Foi isso que aconteceu com ela, pois ao começarmos a conversar ficou claro a emoção que estava por trás do comportamento que ela teve comigo, e na verdade era algo que só dizia respeito à vivência dela. Isso é mais comum do que imaginamos e infelizmente não temos controle sobre o outro, nem em como nossas ações podem repercutir. Na clínica isso é bem claro, cada palavra que falo precisa ser muito bem colocada e ainda assim dependendo da dinâmica do paciente pode soar de forma equivocada.
Dicas de como podemos nos comportar nesses momentos:
- Respire, aguarde baixar a adrenalina do momento para poder pensar com calma;
- Avalie a situação para tentar entender todo o contexto que envolve a reação da outra pessoa;
- Ao invés de deixar a raiva tomar conta de você entenda que não temos controle sobre o mundo do outro, a sua forma de pensar, enxergar e sentir a vida;
- Procure entender o quanto essa ação te incomodou, é muito importante ficar claro o que é seu e o que é do outro;
- Busque explorar a situação conversando sobre o ocorrido ouvindo e acolhendo a reação da outra pessoa sem julgamento, desta forma poderá mostrar o equívoco ocorrido.
Sabemos que nem sempre é possível agradar a todos, quem se expõe nas mídias sociais pode se tornar alvo de críticas, uma simples postagem com uma frase pode soar como provocação para quem está com as emoções à flor da pele. O mais importante é não se misturar com o outro, não estamos aqui para agradar todo mundo e sim para sermos fiéis a quem somos, assumindo o nosso posicionamento nas situações que nos exige firmeza, porém com respeito e delicadeza.
LUCIANA KOTAKA. Comportamento, saúde e obesidade