Opinião

A direita aprendeu a bater — mas nunca aprendeu a ouvir

5 de junho de 2025

 Pedro Rousseff

Nas últimas semanas, nosso mandato virou alvo da fúria de bolsonaristas por um simples motivo: ousamos expor o que preferem esconder.

Fizemos um vídeo. Apenas um. Mostrando dados públicos sobre a destinação de milhões em emendas parlamentares a uma cidade onde, coincidentemente, o tio do deputado Nikolas Ferreira era secretário — e seu primo, agora preso, foi flagrado com 30 kg de drogas no carro.

Não acusamos. Não inventamos. Não distorcemos. Apenas mostramos o que está nos portais oficiais de transparência e nas manchetes de jornais.

A resposta? Um ataque coordenado.

Chamaram-nos de canalhas, perseguidores, mentirosos. A mesma direita que se notabilizou por levantar suspeitas sem provas, por criminalizar partidos, movimentos sociais e professores, agora clama por respeito. Justamente ela, que transformou o linchamento moral em política.

É curioso observar o quanto esses setores se incomodam quando o jogo da democracia é jogado em pé de igualdade. Eles se acostumaram a uma arena onde apenas eles podiam atacar. Agora, quando são questionados, reagem como se fossem vítimas de uma conspiração.

Mas não são.

São apenas parte de um projeto de poder que sempre se sentiu confortável no monopólio do discurso. Um projeto que se diz defensor da moral, mas se cala quando escândalos surgem dentro da própria casa. Que fala em “família tradicional”, mas ignora rachadinhas em nome da mãe. Que se diz patriota, mas ri quando o primo é preso por tráfico.

A verdade é que a presença da esquerda nas redes, nas ruas e nas câmaras municipais tem incomodado. Não apenas por ser oposição — isso é legítimo. Mas porque somos oposição com voz, com dados, com coragem. O que fazemos é disputar o espaço que nos negaram por anos. E, sobretudo, é denunciar os pactos de silêncio que protegem os “homens de bem” das consequências de seus atos.

A direita brasileira — especialmente a bolsonarista — precisa entender que transparência não é opcional. Que verba pública é para servir o povo, não para irrigar projetos familiares. E que crítica não é perseguição, é parte do jogo democrático que tanto dizem defender.

A nós, cabe continuar. Com firmeza, sem recuos. Porque não estamos aqui para agradar, mas para denunciar. Não estamos aqui para reproduzir o sistema — mas para expor as engrenagens que o mantêm.

A direita vai precisar aprender a ouvir o que nunca quis escutar: a verdade.

E a verdade é que, se existe algo incômodo nisso tudo, não é a denúncia — é o silêncio que os protegia até agora.

Pedro Rousseff é vereador em Belo Horizonte. Foi Conselheiro Municipal da Juventude de Belo Horizonte e trabalhou na coordenação da campanha do presidente Lula em Minas Gerais, nas eleições de 2022.