ATAÍDE VILELA
Finalmente a chuva chegou… Com ela a vida floresce novamente. Para alivio geral tudo melhora. O clima melhora, a “quentura” diminui, a umidade relativa do ar aumenta, a vida agradece. A respiração das pessoas funciona de forma adequada especialmente das crianças, dos idosos e claro até mesmo para os animais e plantas. Os incêndios devastadores e criminosos cessam e tudo retorna à sua normalidade. Um novo tempo começa. A preparação da terra para plantio de soja, milho e outros grãos começa com a expectativa de mais uma grande safra. A expectativa da Conab é que o país continue batendo seus próprios recordes de produção agrícola anual. Isto é muito alvissareiro e positivo. Como está escrito na Bíblia (Thiago 7) – Irmãos sejam pacientes até a vinda do senhor. Olhem o agricultor: ele espera pacientemente o fruto da terra, até receber chuva do outono e da primavera.
Mas infelizmente nem tudo é alegria com a chegada da estação chuvosa. Em São Paulo por exemplo mais um “apagão” nos serviços de fornecimento de energia elétrica atingiu a cidade. A concessionária culpa a chuva por sua incompetência em manter este serviço essencial para a população. O certo é que o apagão nos serviços de energia elétrica atingiu de forma implacável a capital do estado mais rico do Brasil. São Paulo conhecida como locomotiva da economia do país foi prejudicada mais uma vez por outro apagão em menos de doze meses, sendo por isto manchete na mídia nacional. A empresa concessionária responsável pelo serviço não tem e nem divulgou ainda a previsão de quando este serviço tão essencial será normalizado em São Paulo. Esta situação vivida em São Paulo nos traz a memória os tempos antigos, quando as cidades começavam a substituir os lampiões pela iluminação elétrica. Como relata Fernando de Carvalho Lisboa, 82 anos, aposentado do Banco do Brasil, residente em Ribeirão Preto em texto publicado na rede mundial: “Lá por mil novecentos e poucos, os centros urbanos passaram a substituir a iluminação pública, que era feita por lampiões, por outra moderna: a iluminação elétrica. Naquela época, no período de chuva, as mães preocupadas trancavam seus filhos em suas casas (que tinham como costume brincar nas ruas), porque era certo que haveria falta de energia elétrica. Bastava o tempo fechar o tempo que a energia elétrica caia e faltava nas ruas e residências das cidades. Esta era a realidade daqueles tempos antigos. São Paulo infelizmente está revivendo aqueles tempos de falta de energia elétrica.
Críticas e acusações surgem de todos os lados chegando até a campanha eleitoral do segundo turno para prefeito da capital paulista. Mas, destaca-se principalmente neste debate o papel da ANEEL – agencia reguladora neste episódio. Novamente a falta de uma ação firme por parte da ANEEL-agência reguladora deste serviço é objeto de críticas. A agencia reguladora continuando a agir desta forma, além de não estar cumprindo o seu papel previsto em lei, está sendo conivente com esta grave situação. Fica patente a sua incompetência em fiscalizar e exigir que as concessionárias prestem seus serviços com qualidade para toda a população no país, especialmente neste caso de São Paulo. A agencia reguladora descumpre suas funções e deixa os consumidores abandonados à própria sorte. As ruas ficam às escuras sem o fornecimento de energia elétrica, bairros sem iluminação pública, prédios sem funcionamento de elevadores, os moradores nas suas residências perdem medicamentos e alimentos em suas geladeiras, tomam banhos frios e ficam privados de usar seus aparelhos eletrodomésticos, como celular, ventilador, ar condicionado, televisão, rádio, etc. É lamentável, mas este é o retrato do último final de semana em SP.
Felizmente em Minas Gerais a situação é outra. Temos aqui a CEMIG atuando como concessionária estadual neste importante setor de fornecimento de energia elétrica. A concessionária mineira vem ao longo do tempo sendo classificada como modelo e uma das melhores empresas do setor elétrico. Está investindo cerca de 20 bilhões na modernização de sua rede de transmissão e distribuição de energia elétrica em todo o estado. Ao passo que a ENEL classificada como a pior prestadora deste serviço essencial se nega a fazer investimentos necessários em torno de 19 bilhões para modernizar o fornecimento de energia elétrica em SP. É o cumulo do absurdo, mas a imprensa noticiou também que o presidente da República em recente visita à Itália fez gestões e tentou intervir junto a direção desta empresa para que assumisse este compromisso. Além destas péssimas notícias chega de SP também informação que o governador está possesso com o péssimo serviço que vem sendo prestado pela ENEL – empresa concessionária de origem italiana. O governador Tarciso cobra com razão que medidas duras sejam tomadas como o fim da concessão por parte da ANEEL. Aliás esta não é a primeira vez e acredito que não será a última também que a população de São Paulo ficará no escuro. Da forma como está sendo feito a fiscalização e regulação destes serviços, acredito que será grande o risco para os consumidores do estado de Minas Gerais caso aconteça a privatização da CEMIG que é defendida por muitas pessoas, especialmente pelos privatistas de plantão. Será um verdadeiro tiro no pé do povo mineiro. Não tenho dúvida alguma, vamos passar pelos mesmos perrengues de revisitar os tempos antigos e sombrios de falta de energia elétrica que povo de São Paulo está vivendo. Este filme nós já assistimos e não queremos vê-lo por aqui!
ATAÍDE VILELA, engenheiro civil, foi prefeito de Passos nas gestões 2005/2008 e 2013 a 2016.