6 de janeiro de 2025
Foto: Reprodução
Luiz Gonzaga Fenelon Negrinho
Viajar pelos sonhos, sem jamais sair do lugar, é um privilégio único de quem sabe transformar as barreiras físicas em pontes da imaginação. Afinal, viajar não é apenas deslocar-se geograficamente de um ponto a outro no mapa. É, sobretudo, abrir a mente, absorver histórias, paisagens, culturas e deixar-se levar por uma conexão profunda com o mundo – algo que os sonhos, o poder imaginativo e o conhecimento também proporcionam.
Livros, documentários e filmes são portais para essas viagens internas. Um romance ambientado em Paris pode nos fazer sentir o cheiro dos cafés, sentar-se ao lado de uma linda mulher, ouvir o murmúrio do Sena e caminhar pelas ruas do bairro boêmio de Montmartre.
Um documentário sobre as Ilhas Gregas é capaz de nos trazer o brilho do azul do mar Egeu e o contraste das casinhas brancas em Santorini, sem que precisemos sequer carimbar o passaporte. Assim, a capacidade de sonhar não é apenas um escape. É uma ferramenta poderosa de aprendizado e um envolvimento íntimo.
Mas o privilégio de conhecer profundamente o Brasil, traz uma riqueza inestimável. É como se o país fosse um continente dentro de outro continente. O Norte, com sua Amazônia exuberante, é um mundo à parte. O Nordeste, com sua cultura vibrante, praias de beleza única e o calor humano que só ali se encontra, encanta de forma inesquecível. O Sul, com suas serras, vales e tradições europeias, traz outro cenário, enquanto o Sudeste pulsa com a modernidade, sem jamais abandonar sua história e suas paisagens icônicas. E viva o Rio de Janeiro, com sua combinação única de mar, montanha e cidade!
Viajar pelos sonhos e conhecer o Brasil em profundidade se complementam. A mente que sonha pode criar pontes entre o aqui e o acolá, e o olhar que já viu as belezas de perto tem mais material para preencher esses sonhos. Essa combinação é uma prova de que o verdadeiro sentido de viajar não é o deslocamento, mas a experiência emocional, intelectual e espiritual que ela traz.
E se por acaso um dia o desejo de conhecer outros continentes se tornar realidade, ah, aí, então, será um encontro físico com lugares que, de alguma forma, já visitamos pela imaginação. E essa força criativa ilimitada nos permite explorar o impossível e moldar a realidade a partir de ideias. Ela transcende barreiras, vai além, conecta o mundo interno com o externo e abre portas para possibilidades infinitas. Afinal, tudo o que hoje existe já foi, um dia, fruto de imaginação de alguém. Como bem acentuou o escritor francês Júlio Verne (1828-1905): “Tudo que um homem pode imaginar outros homens poderão realizar”.
Enquanto isso, viva a capacidade de sonhar! Porque o homem que sonha não conhece limites, e seu passaporte é a curiosidade que o leva a todos os lugares do mundo.
Luiz Gonzaga Fenelon Negrinho, advogado, escreve aos domingos nesta coluna. (luizgfnegrinho@gmail.com).