28 de junho de 2025
Esdras Azarias de Campos
Sem delongas vou entrar direto no tema do título acima, fazendo perguntas sem respostas, porque as justificativas são subterfúgios ou baseadas na mitologia ou na teologia de três das maiores religiões do mundo. Se as teologias judaicas, cristãs e muçulmanas afirmam que tudo foi criado por Deus, inclusive o nosso planeta, portanto toda a Terra é sagrada, por que então tais religiões escolheram somente alguns determinados locais, como rios, montanhas, territórios e algumas cidades é que são sagrados, por exemplo, Vaticano, Meca e Jerusalém? Veja o exemplo da Palestina, território sagrado para as três religiões citadas e com centenas de locais sagrados: a começar pela cidade de Jerusalém, Rio Jordão, Muro das lamentações, Mesquita de Al-qsa situada no Monte do Templo e que os judeus querem removê-la para construir no lugar o mitológico templo de Salomão. Caso tal fato venha acontecer um dia, aí sim, toda a comunidade muçulmana cairá sobre Israel e com certeza dará início à 3ª. Guerra Mundial. Citei apenas como exemplos esses temas sagrados para mostrar o que aparece na superfície da milenar questão Palestina.
Região mais que sagrada, pois que é explorada como turismo religioso, a gerar fabulosos lucros para os representantes das religiões citadas. Em uma breve análise dá para entender que sob o manto das crenças religiosas, de fato mesmo, os determinantes desses conflitos sempre foram os interesses de domínios territoriais por nações imperialistas.
Desde a antiguidade até nos dias atuais. A antiga Canaã, que os romanos passaram a chamar de Palestina foi doada por Javé ao seu povo eleito. Então a pergunta: Por que o povo hebreu teve que guerrear para exterminar os povos
(genocídio) que lá existiam para então ocupar o território? Está se repetindo em Gaza?
No momento atual a questão Palestina se resume nos fatores: impedimento pelo Estado de Israel, apoiado pelos EUA, da criação do Estado Palestino; a manutenção do Estado de Israel atende ao plano do movimento sionista-judaico de ocupação total do território palestino; interesse das companhias petrolíferas das nações ricas do Ocidente, em possuir um país confiável no Oriente Médio para confrontar os países muçulmanos que detém as maiores reservas petrolíferas do mundo. E quem paga o pato por todas essas questões de interesses econômicos e
geopolíticos, de um lado é o povo israelense transformado em militares alertas para a guerra sem fim. E de outro lado é o pobre povo palestino, mais de dois milhões de seres humanos considerados párias em sua própria terra e condenados ao genocídio. E as comunidades judaica, cristã e muçulmana assistem o desenrolar do genocídio como se fosse a coisa mais natural do mundo.
No Brasil a questão é tão polêmica quanto o próprio conflito israelense/palestino, pois que importou o conflito pelo viés ideológico/religioso. Ou seja, de forma maniqueísta, um lado é do mal e o outro lado é do bem. Daí surgiu aqui um posicionamento sobre o conflito, tão absurdo quanto equivocado de cunho religioso, por imaginar que o Estado de Israel é o cumprimento de uma profecia cristã relacionada com o fim dos tempos apocalípticos. Sim, os conflitos no Oriente Médio poderão levar o mundo a uma guerra nuclear que decretará o fim da humanidade, mas será tudo bem diferente do previsto pelos profetas do Armagedom.
Para encerrar, como neutro nessa questão do Oriente Médio, o que é muito difícil de encontrar, deixo aqui como hipótese – a solução do conflito residiria na criação de dois Estados, um judeu que já existe e o outro árabe. E tal imbróglio se resolveria como no poema do Drummond de Andrade, “ Mundo, mundo vasto mundo. Se eu me chamasse Raimundo, seria uma rima, mas não seria a solução”.
Esdras Azarias de Campos é Professor de História