25 de outubro de 2024
Foto: Reprodução
Crise na Venezuela
A notícia de que 12 mil venezuelanos cruzam fronteira após vitória contestada de Maduro rumo a mil cidades do Brasil levanta questões importantes, especialmente em relação à administração das fronteiras brasileiras, que tem deficiências visíveis. Segundo dados de 2023, o Brasil já havia recebido mais de 500 mil refugiados venezuelanos desde o início da crise migratória, em 2015. Primeiro, a saúde pública se torna uma preocupação crítica: a falta de estrutura e de profissionais para atender a população brasileira já é um desafio, e agora essa situação se agrava com a chegada em grande escala de imigrantes, resultando em superlotação nos serviços de saúde. Estima-se que cerca de 45% dos serviços de saúde em Roraima estejam sobrecarregados em razão da demanda crescente. Outro aspecto relevante é a aceitação da população de Roraima, que há anos enfrenta os efeitos da crise migratória proveniente da Venezuela. Enquanto alguns moradores acolhem os imigrantes com humanidade, outros reagem negativamente, manifestando atitudes xenofóbicas. Essa divisão gera violência e torna a situação ainda mais delicada. Os imigrantes enfrentam dificuldades em filas de hospitais e na busca por novos empregos, num cenário em que a competição por recursos e oportunidades se intensifica.
Karolyna Silva – Campinas/SP
Enfim, o acordo
Finalmente, passados nove anos do rompimento da barragem de rejeitos de Fundão, em Mariana (MG), está prestes a ser assinado acordo entre autoridades federais e estaduais e as mineradoras Vale, BHP e Samarco, de indenização pela tragédia que causou 19 mortes, o flagelo de milhares de famílias e grande prejuízo ambiental. O valor total do acordo é de R$ 167 bilhões. R$ 37 bilhões já foram desembolsados pelas mineradoras nesses nove anos por meio da Fundação Renova. Outros R$ 30 bilhões consistem em obrigações que ficarão a cargo dessas empresas. E R$ 100 bilhões serão pagos em 20 anos pelas mineradoras à União, a municípios e a Estados, principalmente os mais afetados: Minas Gerais e Espírito Santo. E, de acordo com a Advocacia-Geral da União (AGU), já têm destino certo: 19 ações que incluem a criação de fundos geridos pela União, por Estados e até pelo BNDES e projetos na área socioambiental, de saneamento, saúde, retomada econômica e até a duplicação de estradas. Espero apenas que esses projetos não fiquem mofando nas gavetas do poder público.
Paulo Panossian – São Carlos/SP