Ézio Santos 

PASSOS – A direção do cursinho pré-vestibular comunitário Núcleo Dércio Andrade (Educafro) comemorou na última terça-feira, 6, os 25 anos de fundação. Foi celebrada uma missa em ação de graças no Santuário Santo Aníbal e, logo após, um encontro social na sede concedida pelos padres Rogacionistas do Educandário Senhor Bom Jesus dos Passos.

“Recebemos os alunos, ex-alunos e educadores voluntários que por anos partilharam as experiências vivenciadas no núcleo e reforçaram os laços de amizade, uma das características da turma. Tivemos um momento lindo de bate-papo dos ex-alunos, hoje profissionais nos mais diversos setores do mercado de trabalho”, ressaltou Marli Ferreira, uma das fundadoras do núcleo em 1.999, juntamente com Flávio Passos, na época membro da comunidade dos padres Rogacionistas do Educandário, e que hoje mora em Vitória da Conquista (BA).

“Cada um levou alimento diversificado que compôs a nossa mesa confraternal. Foi lindo ver a diversidade e o carinho com que prepararam o local, onde tivemos também a visita de filhos de ex-alunos. Temos motivos de sobra para comemorar o fato de tantas vidas serem iluminadas pelo convívio comunitário, que é nossa maior característica. Através da educação construímos um mundo mais justo e fraterno. Tanto os alunos, quanto os voluntários, sentiram a força do axé vindo dessa comunhão”, destacou a também professora Marli.

Considera-se oficial o início das aulas dia 6 de agosto porque o projeto levou cerca de dois meses para ser elaborado em razão da falta da equipe de professores voluntários, da realização das inscrições e seleção dos alunos. Foram mais de 300 inscritos e entrevistados para verificar a veracidade das informações sobre a questão socioeconômica, que é um dos itens básicos quando for efetuar a matrícula.

O cursinho leva o nome de Dércio Andrade, negro, de família humilde e ex-vereador. Um dos professores que abraçou o projeto foi Osório José Lemos, o Osorinho, que lecionou sobre história em geral como voluntário por 11 anos consecutivos. Ambos são falecidos.

Marli, Flávio e Dércio eram membros dos Agentes de Pastoral Negros, movimento da igreja católica para inclusão dos negros e luta contra o preconceito racial. Das reflexões em grupo, veio a necessidade de uma ação mais concreta em relação aos negros porque na época não havia nem 1% deles na universidade. Em alguns cursos, nenhum. “Por isso, hoje fazemos parte da rede Educafro-MG, que preza pela inserção, garantia e permanência de discentes nas universidades Ainda temos muito a fazer para melhorar este cenário”, explicou uma das fundadoras do núcleo. O endereço do núcleo no Instagram é: /nucleodercioandradeeducafro