Opinião

“Popularidade volátil”

12 de junho de 2024

Foto: Reprodução

GILBERTO ALMEIDA

 

“ O cinzento e o colorido;
A ditadura e o oprimido
O prometido e não cumprido;
E o programa do partido
Tudo vira bosta ”

 

Eu queria muito acreditar que o acalentado favoritismo do Excelentíssimo Senhor Doutor Prefeito Diego Rodrigo de Oliveira, fosse fruto de bem-sucedidos projetos para a cidade. Gostaria, por exemplo, de ver as estradas rurais, por onde transitam milhares de trabalhadores e a maior riqueza do município, em um nível de conservação decente. Mesmo sabendo que, no período das chuvas, a manutenção dessas vias se torna difícil, o que de fato ocorreu foi um completo descaso com o nosso mais importante segmento econômico, transformando as estradas rurais em verdadeiras ruínas que envergonham os munícipes. Além disso, deveria mencionar que Sua Excelência adquiriu uma luxuosa caminhonete por um preço exorbitante, que, segundo informações, encontra-se hoje em estado deplorável, sem que tenhamos colhido benefícios desse investimento, exceto para seus seletos usuários. Também imaginei que o prefeito ganharia grande popularidade com uma das soluções propostas para as estradas: o “britador” de 2 milhões de reais, que supostamente proporcionaria belas vias encascalhadas. No entanto, o equipamento nunca foi utilizado e hoje está sucateado no lixão.

Observando que o Nobilíssimo Alcaide abandonou completamente o agronegócio, passei a imaginar que sua aprovação derivasse das mais de 40 ruas que seriam pavimentadas com uma verba de 5 milhões de reais do deputado Emidinho Madeira, melhorando o deplorável estado das vias públicas. Contudo, passados cerca de três anos, essas mais de 40 ruas se reduziram a 28, e até hoje os serviços não foram concluídos. O que foi feito apresenta problemas, como na Rua Varginha, onde não tiveram o zelo sequer de construir guia e meio-fio.

Eu imaginava que, quando nosso Sublimíssimo Prefeito desprezou os servidores mais antigos, os “véios”, como ele os classificou, para impor juventude à Comissão de Licitações, finalmente os trabalhos destravariam. Mas nada disso aconteceu e tudo continua “como dantes no quartel de Abrantes”, exceto pelo exagerado uso do Registro de Preços de entidades, o que pode render sérios questionamentos quanto ao planejamento das despesas públicas. Imaginei ainda que, após receber polpudas verbas e emendas parlamentares e reformar diversas unidades de saúde, finalmente o sistema municipal melhoraria. Só que não. Nunca tivemos tantas controvérsias e problemas graves no atendimento à saúde, com a população sofrendo, embora, ao que parece, não faltem recursos financeiros, mas nem mesmo suprimentos de medicamentos são garantidos. Poderia continuar tentando entender como um governo que administra tão mal ainda mantém o Altivíssimo Burgomestre bem avaliado e considerado por muitos como favorito à reeleição, mesmo sendo, na verdade, uma espécie de Midas às avessas. Então, cheguei à conclusão, por instantes, de que tudo isso ocorre devido à boa atuação de seu governo, especialmente do Secretário de Indústria e Comércio, o Max, para que a Heineken se instalasse em Passos. Mas até nisso tenho uma severa ressalva a fazer: Se o complexo da Heineken se instalar por completo em Passos, a previsão é de gerar 11 mil empregos, dos quais 7 mil serão fruto de migração para a cidade, já que a mão de obra local não deve corresponder ao desejado (como aconteceu com a Teka). Sete mil funcionários representam até 30 mil novos habitantes para a cidade, pois suas famílias também virão. E aí fica minha admoestação a essa administração que funciona à base de improvisações.

Quais são as medidas planejadas para receber de forma quase repentina um número de pessoas equivalente à população urbana de Piumhi? Como planejam atender essas pessoas no depauperado sistema de saúde e fornecer vagas nas escolas? Qual será o projeto habitacional, que não pode ser o miserável número de 41 casas anunciadas pelo Digníssimo Prefeito? Quais medidas estão sendo acordadas com o Estado para garantir a segurança pública? O sistema de transporte público já está sendo planejado, melhorando muito o que existe?
Se nossos gestores causam turbulência na cidade ao planejar mal e porcamente o semáforo da Rua da Praia com a Coronel Francisco Avelino Maia, quais serão as lambanças provocadas com o aumento drástico do número de veículos? E para encerrar com a chave de “ouro transformado em outro material pelo Moacir Franco”, podem estar resolvendo o problema perdendo indústrias periféricas, como já ocorreu com a fornecedora de embalagens e latinhas que se instalou em Poços de Caldas, por falta de apetite administrativo e por demitirem um secretário que funcionava muito bem por ridículos ciúmes. Nesse caso, o número de empregos também “vai cantar como a Rita Lee”. Antes que seja tarde, lembremos que ninguém no cortiço do Rosário se preocupou em preparar os trabalhadores com treinamentos para que se candidatem a vagas na Heineken. Por toda a gravidade e risco de colapso que Passos corre por falta de planejamento com a instalação da Heineken, concluo que o real motivo da popularidade de nosso Ilustríssimo Intendente vem exatamente daquilo que considero mais repugnante: a publicação de tenebrosos e nauseabundos vídeos nas redes sociais.
E #vamuprariba!