Cinema

Momento dos felinos em Hollywood

24 de abril de 2024

Animações estimadas como O Gato de Botas estão despertando outras produções / Foto: Reprodução

Esqueça o ‘melhor amigo do homem’ e atores caninos de prestígio, como o simpático border collie Messi, de Anatomia de Uma Queda. Quem agora rouba a cena em Hollywood são os gatos. Conhecidos pelo perfil mais indisciplinado em relação aos cachorros, os felinos tiveram, por muito tempo, presença limitada em produções audiovisuais.

Graças às últimas inovações de computação gráfica, os bichanos hoje ganham destaque na indústria cinematográfica, mostrando suas garras não apenas em animações estimadas como O Gato de Botas e Um Gato de Sorte (em cartaz no País), mas também em uma série de produções em live-action. São, mais do que nunca, atores de pelo e osso.

A Netflix, por exemplo, recentemente assegurou um papel dramático para um gatinho em Ripley, minissérie lançada no início do mês na plataforma. Da raça maine coon – conhecida pelos gatos gigantes -, Lucio é presença importante na trama. O trailer do vindouro Um Lugar Silencioso: Dia Um mostra Lupita Nyong’o como uma mulher que tenta sobreviver em uma realidade distópica com seu bichinho de estimação a tiracolo, apelidado de Frodo.

Gatos também ganharam vez em tramas de ação, como As Marvels e Argylle – O Superespião. No filme da Marvel, Goose é um gato ruivo superpoderoso. Já na comédia de espionagem (recém-chegada ao catálogo do Apple TV+), a personagem de Bryce Dallas Howard foge de assassinos com seu amigo Alfie, um gato da raça scottish fold.

Nunca antes eles estiveram presentes em uma sequência de produções variadas como agora. Pela dificuldade de se trabalhar com os bichanos inquietos, era raro que eles emprestassem algo além de um miado manhoso, tomando a frente em filmes e séries produzidos para o cinema ou streaming.

No passado, portanto, ficavam relegados ao posto de acessório, com aparições rápidas, muitas vezes servindo como artifício de humor. Outras vezes, alimentados pelo estereótipo que pinta felinos como seres malignos, funcionavam como mecanismos para assustar os espectadores, em tramas de suspense e terror.

Em entrevista ao The Hollywood Reporter, o diretor de Argylle Matthew Vaughn revelou a inspiração por trás da decisão de dar maior destaque ao gato do filme: Taylor Swift. Ele viu a artista carregando sua gatinha em uma mochila especial, no documentário Miss Americana, e pensou que aquela era uma “imagem maluca”. Quis replicar em seu filme, apesar de ter ficado receoso por conta da personalidade característica do animal. No fim das contas, o bichano tomou o centro das imagens promocionais do longa.

Steven Zaillian, diretor de Ripley, teve a mesma apreensão – mas teve a sorte de trabalhar com um gato-ator muito comportado, do qual conseguiu extrair as cenas imaginadas sem precisar recorrer a aparatos tecnológicos.

“Os gatos são mais expressivos do que as pessoas tendem a acreditar”, disse Vaughn à revista americana. “Há alguns momentos em que me dizem: ‘Bem, aquela cena é obviamente CGI e parece falsa’ e eu digo, ‘Não, não, foi real’”, explicou ele, que usou computação gráfica apenas em cenas impossíveis de serem coreografadas, como uma em que o gato é jogado de um prédio.