8 de agosto de 2023
DÉCIO MARTINS CANÇADO
Pesquisas que analisaram grandes gênios da humanidade, comprovaram que eles mudaram a história do pensamento humano deixando-se guiar muito mais pelos seus corações, suas emoções, que por sua inteligência, sua racionalidade espetacular.
Muitos deles foram responsáveis pela ideia, muito arraigada na cultura ocidental, de serem um padrão de pessoas inteligentes e, por conseguinte, respeitadas e bem-sucedidas; é com base nisto que toda família sempre quis que o filhinho fosse um “ás” na Matemática, que tirasse 10 em Português e saísse do vestibular como um ‘craque’ no teste de múltipla escolha. Cabelos eram arrancados se o menino preferisse jogar bola, brincar com amigos a se dedicar às equações.
O tempo passou e alguns conceitos foram mudados, pois descobriu-se que, além do intelecto, do esforço, que é imprescindível e inquestionável, é muito importante também que a pessoa, em especial a criança, desenvolva um outro lado do cérebro, o ‘emocional’, que irá ajudá-la a conviver de forma harmoniosa com os demais.
Algumas escolas estão ensinando às crianças como agir dessa maneira. Por exemplo, se um menino tomar o brinquedo de outro, terá à sua frente uma professora – compreensiva sempre – que lhe perguntará: “Você gostaria que fizessem isso com você?” Concluindo com uma conversa esclarecedora.
Já o outro, que teve o brinquedo arrancado, também terá uma professora na sua frente, discutindo como poderia reagir diante do ocorrido – esse trabalho é desenvolvido no sentido de mostrar alternativas à violência: trocar o brinquedo, brincar junto, pedir emprestado, são algumas das sugestões discutidas com os envolvidos. Com isso, as crianças são treinadas logo cedo a negociar, a encontrar saídas para os impasses tão comuns na vida de todos nós.
Isto é tão importante e tão real que algumas empresas, quando selecionam um funcionário, em especial um executivo para um cargo de chefia, analisam muito mais a forma de o pretendente se relacionar com sua família e amigos, do que a excelência de seu currículo.
“É que gente com inúmeros cursos no Brasil e no exterior existe muita. E, se porventura determinado aspecto da formação profissional de um executivo está falho, é fácil sanar o problema. Às vezes, um mês de atualização basta. Mas, dificuldade de relacionamento, autoritarismo, descontrole emocional, são obstáculos quase intransponíveis, mesmo com toda uma vida”, explica uma consultora.
Podemos perceber que, diante do cenário atual, com forte concorrência entre as empresas, o perfil do profissional que deseja ser bem sucedido tem sido cada vez mais analisado, levando-se em consideração a personalidade, o caráter e a capacidade de colocar, também a emoção em suas decisões, especialmente as mais difíceis, que envolvam seres humanos.
Cada vez mais, fazer bem feito todas as coisas (aliás, ‘muito’ bem feito), é questão de sobrevivência, pois não há espaço profissional sustentável para quem faz ‘mais ou menos’ ou para quem não sabe comunicar as razões da sua existência. “Prestar contas do que se faz é um princípio inerente ao mundo contemporâneo; trata-se de um exercício de exposição para quem tem clareza no que faz, de como e, mais ainda, dos resultados a que se propõe atingir em suas ações.
Uma analogia aparentemente cômica, porém apropriada, que ilustra o que frequentemente ocorre no universo empresarial, no que tange à falta de excelência nas atitudes, nos diversos níveis de gestão é a da “síndrome do pato’: um animal que sabe voar, nadar e correr, mas não se destaca em nenhuma dessas atividades. Portanto, versatilidade responsável e profissional é o combustível para as mudanças necessárias. Nesse sentido, a nossa energia deve se concentrar na excelência da essência”.
Enfim, é necessário se fazer, constantemente, o exercício de investir o bem mais precioso – o tempo – em aperfeiçoar o que é a base que fundamenta as nossas atividades. Deixamos a nossa marca em qualquer lugar, de forma ativa e constante e, como vida e obra se fundem, são inseparáveis, as nossas escolhas integram a nossa identidade profissional.
Não há mais espaço para profissionais ‘mais ou menos’, que utilizam apenas o conhecimento, o intelecto, para desempenhar suas funções, para tomar suas decisões, deixando de lado a emoção; é preciso ser competente e bom, por inteiro. O livro do Apocalipse já disse que: “… os mornos serão vomitados”.