27 de julho de 2023
BRUNA RIBEIRO
Um estudo qualitativo da Plan International apresentou reflexões sobre a saúde mental de adolescentes e as conexões com os fatores de risco de Doenças Crônicas Não Transmissiveis (DCNT) (tabagismo, uso nocivo do álcool, sedentarismo, dietas pouco saudáveis e poluição do ar).
A pesquisa online foi realizada no Brasil, na Índia e no Quênia, e consistiu em doze entrevistas com partes interessadas, cinco Grupos Focais de Discussão (GFDs) somente para meninas, três GFDs apenas para meninos, e quatro GFDs mistos, de meninas e meninos. Os/ as participantes dos GFDs tinham entre 10 e 19 anos de idade. Dez meninas e seis meninos participaram de entrevistas com informantes-chave.
De acordo com o estudo, os fatores externos que afetam a saúde mental e o bem-estar estão significativamente relacionados ao gênero. “As meninas são particularmente afetadas por seu baixo status na sociedade, falta de autonomia e risco de sofrer violência baseada em gênero (VBG). Os fatores que afetam a saúde mental dos meninos se relacionam, às vezes, com o status mais alto que ocupam na sociedade e com as pressões e baixa autoestima que experimentam em relação a isso.
Quando eles têm dificuldades em viver de acordo com os padrões esperados, ou se sentem excluídos dos privilégios que homens e meninos supostamente têm, sua saúde mental pode ser negativamente afetada. Os meninos também têm maior acesso a álcool e drogas do que as meninas, e são muito mais propensos a desenvolver problemas relacionados ao abuso de substâncias tóxicas”, informa.
Confira cinco reflexões sobre saúde mental de adolescentes:
+ A capacidade de dar e receber apoio de pares e de se sentirem vistos/as e valorizados/as é uma parte importante para aumentar o poder e a agência de meninos e meninas para mitigar fatores e circunstâncias externas que podem levar a problemas de saúde mental.
+ Os/as adolescentes frequentemente se envolvem em comportamentos de risco de DCNT para mascarar estresse, ansiedade, depressão, insatisfação e tédio. Eles e elas precisam de melhor apoio para ajudar a gerenciar essas experiências e as questões difíceis em suas vidas.
+ Quando adolescentes se envolvem em comportamentos de risco de DCNT, eles e elas geralmente descobrem que sua saúde mental piora. Muitas vezes, descobrem que suas circunstâncias de vida também pioram, criando uma espiral descendente da qual é difícil sair.
+ Os jovens e as jovens raramente recebem apoio profissional para suas necessidades de saúde mental, a menos que desenvolvam vícios graves ou sofram uma crise específica. É mais provável que procurem o apoio das famílias no Brasil, de seus pares no Quênia e de organizações não-governamentais (ONGs) ou de pares na Índia. Muito mais poderia ser feito para melhorar os serviços de apoio especializado para jovens, incluindo serviços preventivos, e desenvolver as capacidades de pares, mães e pais como potenciais socorristas para adolescentes em sofrimento.
+ Usar formas criativas de envolver os jovens e as jovens em conversas sobre saúde mental, bem-estar e estilos de vida saudáveis pode ser a chave para apoiar a saúde mental adolescente. Concentrar-se em comportamentos de risco de DCNT e apoiar os/as jovens para ter agência e usá-la para adotar estilos de vida saudáveis é uma estratégia preventiva vital.
BRUNA RIBEIRO, especialista em e direitos da criança e do adolescente