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Tony Bennett morre aos 96 anos

21 de julho de 2023

Tony Bennett na 60º edição do Grammy Awards./ Foto: Reprodução /Andrew Kelly

MÚSICA

O cantor Tony Bennett morreu nesta sexta-feira, 21, aos 96 anos, em sua cidade natal, Nova York. Não houve uma causa específica, mas Bennett foi diagnosticado com a doença de Alzheimer em 2016. Ele faria aniversário em apenas duas semanas.

Ele foi um intérprete atemporal, com devoção a canções clássicas americanas e habilidade para criar novos paradigmas em músicas como “I left my heart in San Francisco”. Sua carreira de décadas lhe trouxe admiradores e parceiros que foram de Frank Sinatra a Lady Gaga.

O último dos grandes cantores de saloon de meados do século 20, Bennett costumava dizer que sua ambição ao longo da vida era criar “um catálogo de sucessos em vez de discos de sucesso”. Ele lançou mais de 70 álbuns, vencendo 19 Grammys, e desfrutou de um afeto profundo e duradouro de fãs e outros artistas.

Bennet não ficava contando sua própria história ao se apresentar; o cantor deixava as músicas falarem por ele – canções de Gershwins e Cole Porter, Irving Berlin e Jerome Kern. Ao contrário do amigo e mentor Sinatra, ele interpretava uma música em vez de encarná-la.

Se seu canto e sua vida pública não tinham o alto teor dramático de Sinatra, Bennett atraía com um jeito fácil e cortês e uma voz incomumente rica e duradoura – “Um tenor que canta como um barítono”, ele se definia.

Gosto de entreter o público, fazendo-o esquecer os problemas”, disse ele à The Associated Press em 2006. “Acho que as pessoas (…) se sentem tocadas quando ouvem algo sincero e honesto e talvez com um pouco de senso de humor. (…) Gosto de fazer com que as pessoas se sintam bem quando me apresento.”

Bennett foi elogiado com frequência pelos colegas, mas nunca de forma mais significativa do que o que Sinatra disse em uma entrevista à revista Life de 1965: “Para mim, Tony Bennett é o melhor cantor do ramo. Ele me empolga quando o vejo. Ele me emociona. Ele é o cantor que consegue transmitir o que o compositor tem em mente, e provavelmente um pouco mais”.

Ele não apenas sobreviveu à ascensão do rock, mas resistiu por tanto tempo e tão bem que conquistou novos fãs e colaboradores, alguns jovens o suficiente para serem seus netos. Em 2014, aos 88 anos, Bennett quebrou o próprio recorde como o artista vivo mais velho com um álbum número 1 na parada Billboard 200 por Cheek to Cheek, projeto de duetos com Lady Gaga.

Três anos antes, ele chegou ao topo das paradas com Duets II, com a participação de estrelas contemporâneas como Gaga, Carrie Underwood e Amy Winehouse – na última gravação dela em estúdio. O relacionamento com Winehouse foi registrado no documentário “Amy”, indicado ao Oscar, que mostrou Bennett incentivando pacientemente a jovem cantora insegura durante uma apresentação de Body and Soul.

O último álbum, o lançamento de 2021 Love for Sale, contou com duetos com Lady Gaga na faixa-título, Night and Day e outras canções de Porter. Para Bennett, um dos poucos artistas a transitar facilmente entre o pop e o jazz, essas colaborações faziam parte da cruzada para expor novos públicos ao que ele chamava de Great American Songbook – Grande Livro da Música Americana, em tradução livre.