12 de junho de 2023
LUIZ GUILHERME WINTHER DE CASTRO
Poucas pessoas, hoje, ouviram falar este nome que intitula nosso texto. Ele foi um dos maiores humoristas que o Brasil já teve. Outros vieram após ele, é claro, mas ele foi um dos pioneiros na era do rádio. Talvez tenham existido outros até na mesma época em que ele se projetou no cenário nacional, através das emissoras de rádio e posteriormente na televisão. Na verdade, seu nome artístico e que o projetou para o sucesso foi: Zé Fidélis. Descendente de italianos, Zé Fidélis nasceu em São Paulo no dia 23/09/1910, portanto, há 113 anos. Faleceu na mesma cidade em 15/03/1985, aos 75 anos e em uma clínica de repouso para idosos.
Zé Fidélis foi cantor, ator, humorista, principalmente fazendo paródias com músicas conhecidas, de sucesso nacional e internacional. Foi compositor e escreveu vários livros. Era um artista, podemos dizer, quase que completo. Ele se intitulava e se apresentava como “o inimigo número 1 da tristeza”.
Eu conheci e tive amizade com o primeiro apresentador do Repórter Esso na Rádio Tupi de São Paulo, o meu considerado Job Milton Figueiredo Pereira, falecido há poucos anos com a idade de 91 anos. Job inaugurou o Repórter Esso em 01.01.1950 na Rádio Tupi, em São Paulo. Job me disse ter conhecido pessoalmente o Zé Fidélis e pelo que estou lembrado, me contou que Zé Fidélis era vendedor da Cervejaria Bhrama. Mesmo assim, conseguia tempo para seus trabalhos e apresentações.
O que mais caracterizou o “italiano” Gino Cortopassi na sua arte humorística foi ele ter personificado o típico cidadão português sem ofender, sem discriminar e com um humor leve, divertido e nada agressivo. Fazia outras imitações também. Criou vários números de paródias com músicas conhecidas e também criou suas próprias músicas. Estou me lembrando de uma gravação que conheci na minha adolescência, já quase na mocidade, que tinha o título de “Irradiação do Casamento”.
Os casamentos, naquela época, de famílias de pessoas mais abastadas, eram irradiados por uma emissora contratada pelos noivos, pais dos noivos ou padrinhos. Zé Fidélis criou um texto humorístico muito interessante. Era assim: o locutor social da emissora, impossibilitado de irradiar o casamento, foi substituído pelo locutor esportivo. Parece ter sido em cima da hora. A transmissão ficou uma graça, pois o locutor, o Zé Fidélis, é claro, irradia a cerimônia como se fosse um jogo de futebol.
Pena que tal gravação não consegui achar na internet. Achei várias outras, como “Meu Boi”, uma paródia de “Meu Bem”, gravada por Ronnie Von, “Boneca Cabeçuda”, uma paródia de “Boneca Cobiçada”, ambas cantadas até hoje em vários espetáculos pelo Brasil. Há várias outras na internet. A dupla Alvarenga e Ranchinho, famosa na época, também gravou algumas obras dele, inclusive as duas citadas aqui.
Há uma música, cujo título, caso eu não esteja enganado, é “A Carta”, que começa assim: “Dona Sebastiana de Azevedo – Antes de tudo eu desejo-lhe saúde – E por estas mal traçadas linhas – Eu cá escrevi tudo que pude”. E continua depois, só que eu precisaria ouvir novamente para me lembrar de toda a letra. Também, ainda não achei na internet.
Gino Cortopassi começou a carreira no rádio, no programa “Cascatinha do Genaro”, de João Batista de Almeida, em 1930. Foi quando criou, então, o Zé Fidélis. Alcançado o sucesso, passou a ser um “one man show”: espetáculo de um homem só. Ele se apresentou com sucesso em grandes locais como o Cassino da Urca e Cassino Quitandinha, além de emissoras famosas de rádio e também em televisão.
Gravou inúmeros discos de “78 RPM, Compactos e LPs.” Sua carreira foi longa, gravou em 1938 seu primeiro disco. Eu, ainda, não soube se fizeram CDs. dele! Ele gravou quase cinquenta discos e o último foi em 1981: “50 Anos de Humor Legal”, um disco humorístico, sertanejo, quatro anos antes do seu falecimento.
Vale a pena pesquisar, para quem gosta do gênero e deseja conhecer ou, ainda, para os jovens “há mais tempo”, que desejam relembrar do humor sadio de Zé Fidelis, pois na internet há inúmeras informações sobre esse maravilhoso artista.
Algumas informações eu consegui através do Museu Brasileiro do Rádio e Televisão, pela internet. Há várias outras informações sobre ele e até a relação de sua discografia, é só vasculhar na rede.
LUIZ GUILHERME WINTHER DE CASTRO, professor de oratória e de técnica vocal para fala e canto em Carmo do Rio Claro/MG, ex-professor do ensino comercial com reg. no MEC, formado no curso normal superior pela Unipac. E-mail: luizguilhermewintherdecastro@hotmail.com