30 de maio de 2023
DÉCIO MARTINS CANÇADO
Em um interessante artigo sobre o tema “mudança’, Liege Gasparim nos diz que, “no dicionário Aurélio, mudança quer dizer remover, deslocar, transferir para outro local, alterar, modificar, variar, transformar, converter, sofrer alteração, modificar.
‘Mudar’ envolve a capacidade de compreensão e adoção de práticas que concretizem o desejo de transformação.
Isso é, para que a mudança aconteça, as pessoas precisam estar sensibilizadas, decididas e conscientes de que ela é necessária. O processo de mudança é despertado pela vontade, que se torna projeto e, finalmente, ação.
Perceber a dinâmica das mudanças é uma necessidade. Estar sempre atualizado é uma questão de sobrevivência e uma maneira de visualizar melhor o futuro, já que os novos tempos exigem uma nova postura de pensamento. Existe um mundo que está acabando e outro que está começando, e as pessoas, naturalmente, costumam lidar com isso de maneira defensiva, com temor ou rejeição, na maioria das vezes.
Para promover transformação, é necessário ter muita coragem, força e autocrítica. É um tema atual e necessário, pois é cada vez mais visível que uma nova ordem mundial está ditando transformações na sociedade. O que acontece do outro lado do mundo influencia, direta ou indiretamente, a vida de cada um de nós.
No ambiente de negócios, por exemplo, cada vez mais as mudanças exigem quebra de paradigmas, de modelos arraigados durante anos ou décadas, e isso implica em verdadeira revolução na cultura das organizações. Essa revolução reordena prioridades, redireciona valores, muda conceitos de certo e errado, apresenta novos focos de interesse, e indica maneiras diferentes de reagir, quando metas não são alcançadas.
Desde que nascemos, estamos inseridos em um processo de mudança. Porém, acontecimentos, às vezes isolados, são determinantes para nossas ações e reflexões, como: perda de emprego, morte de pessoas queridas, saúde abalada, acidentes… Todos os dias nos deparamos com o inesperado, o eventual, o aleatório, que representam para cada um, antessalas da incerteza.
Mas, muitas vezes, não admitimos que as coisas sejam assim. Ainda alimentamos a esperança de controlar, definitivamente, de algum modo, a ‘incerteza’, mas ela é o padrão funcional da vida, do universo, afirma o sociólogo Ruy Paz. É nela e, por ela, que crescemos, evoluímos, movimentamo-nos.
Não raro, diante de grandes acontecimentos catastróficos, fazemos grandes reflexões existenciais, repensamos nossas vidas. Percebemos que precisamos uns dos outros, que existimos para a fraternidade, sem anularmos nossa singularidade. Devemos enfrentar as adversidades, não com conformismos, mas com consciência crítica de que elas estão aí para nos alertar sobre o necessário equilíbrio móvel que organiza o que existe à nossa volta. Vida é movimento e movimento é incerteza, finaliza Ruy Paz.
Por que nos desestabilizamos diante de alguns fatos e acontecimentos? Por que criamos rotinas? Para garantir segurança? Rotina é ruim? Não. Organiza a vida. Contudo, podemos fazer a rotina de maneira diferente.
O poema “Mude”, de Edson Marques, nos traz muitas referências para não fazer do ‘hábito’ um estilo de vida: tentar algo novo todo dia, percorrer outro caminho para o trabalho, o lado diferente de alguma coisa, um novo método, o sabor que não se conhece, o novo jeito de fazer ou de olhar, o prazer inusitado, a nova vida.
A tentativa de novas possibilidades e experiências nos sensibiliza para a percepção do espaço em que vivemos, através dos nossos sentidos. Quanto mais possibilidades de desenvolvimento dos sentidos, mais aptos estaremos para ‘perceber’ o mundo e nos relacionarmos melhor com as pessoas. Nossas ações têm objetivos e intenções e, dessa forma, modificamos o espaço em nossa volta. É uma possibilidade de preparação para grandes eventos da vida, com mais tranquilidade e harmonia”.