27 de março de 2023
Foto: Reprodução.
Teve bastante repercussão nas redes sociais a informação desta Folha de que o secretário de Saúde de Passos pediu a ajuda da polícia para apurar as ‘ofensas’ que ele estaria recebendo por causa da atuação da pasta – ou a falta dela – na explosão da dengue na cidade.
Para os observadores de plantão, o que as autoridades de segurança e do judiciário deveriam investigar mesmo seria a responsabilidade de quem deixou a cidade chegar aos estratosféricos 6 mil casos de dengues e algumas mortes, o que colocou Passos na liderança do ranking estadual e nacional. Mas isso é claro que eles não vão fazer…
E no debate acalorado da esgotosfera, sobrou até para o Conselho Municipal de Saúde. Que, de fato, deveria estar desempenhando um papel predominante neste caso, depois da estreia espetaculosa de seus novos membros.
Uma das acusações que recaem sobre o tal Conselho nas postagens é a de que ele amarelou, digamos. Ou pior que isso: criou dificuldades para vender facilidades a preço de ouro ou nem tanto.
Nos meios lobistas a essa prática convencionou-se chamar de ‘rent seeking’, e ela consiste basicamente em comprar de gestores públicos o direito de não ser tratado como todo o restante da população.
Um dos denunciantes afirmou que o Conselho, além de conseguir um carro da frota municipal para suas “atividades”, ganhou até motorista do grupo de servidores que deveria combater o mosquito da dengue. Taí uma boa denúncia que a Comissão de Saúde da Câmara poderia apurar. Só em Passos mesmo: um conselho que deveria investigar, sendo investigado.
Outra evidência de que “seus problemas acabaram” é tal crise da UPA – aquela que gerou polêmicas na Câmara, médicos trocando acusações, boletins de ocorrência na polícia e coisa e tal. De repente, não se fala mais nisso e parece que a unidade vive à mil maravilhas. O povo que o diga…
Mas em outro canto dos problemas da saúde municipal, profissionais realmente preocupados com a situação – tipo aquela que o relatório da Heineken apresentou na reunião do Copam – apontam falta de investimento no setor.
Segundo relatório divulgado pelo Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais, Passos foi o município que, proporcionalmente em relação ao orçamento municipal, menos investiu na saúde entre os 27 da macrorregional.
No relatório do Tribunal, entre os 27, Passos investiu apenas 21,83% do orçamento na saúde e só aplicou mais que os municípios de Bom Jesus da Penha (19,64%) e Vargem Bonita (21,74%). Os investimentos de Passos foram exatos R$ 49 milhões 614 mil.
Ainda segundo o TCE, o município da região que mais investiu na saúde, como não poderia deixar de ser, foi São Sebastião do Paraíso: 36,53% do orçamento, com um total de R$ 61 milhões e 831 mil. Quase o dobro per capita que Passos oferece a cada um de seus cidadãos.
Logo depois de Paraíso, estão no ranking São Tomás de Aquino (35,85%), Monte Santo de Minas (35,44%), Delfinópolis (35,05%) e Alpinópolis (34,19%).