ENTREVISTA DE DOMINGO – Adriana Dias
Ela nasceu Maria Edelweiss de Lemos Resende Ferreira, há 55 anos, em Passos, e leva o nome artístico Edel Holz pelo mundo. É escritora, diretora de teatro, dona de uma companhia teatral e vive nos Estados Unidos desde 2001. Tem em seu DNA o gosto pelos palcos, tal qual seu irmão Gustavo José Lemos, que dá nome ao único teatro de Passos, onde receberá o Troféu Edel Holz, como a homenageada do 7º Festival Nacional de Teatro de Passos. O FNTPassos será realizado pela Associação de Desenvolvimento Cultural Regional (Adesc) em parceria com a Prefeitura de Passos, em Passos de 16 a 23 de julho, com espetáculos gratuitos ao público em vários pontos da cidade. A passense conversou com a reportagem e contou um pouco de sua trajetória. A 1ª edição do FNTPassos foi realizada em 2017 e teve como homenageado Silas Roberto Figueiredo; no 2º a homenagem foi dada a Antônio Teodoro Grilo; a 3ª edição foi para Gilda Parenti; a 4ª edição foi homenageado Reinaldo Barbosa Fonsêca; a 5ª edição foi conferida a Clélia Monteiro; o 6º festival homenageou Chiquinho Negrão.
Senta, que lá vem histórias.
Folha da Manhã – Como a arte entrou em sua vida?
Edel Holz – A arte entrou na minha vida desde criança, quando assisti ao Pluft, o Fantasminha, que Maria Jabace montou em Passos. Acompanhei várias montagens teatrais do Grupo Alfa e meu irmão Gustavo José Lemos sempre foi uma inspiração pra mim.
FM – Como é para você saber ser irmã do Gustavo José Lemos – um ícone, uma lenda, nome do teatro, um já homenageado não pelo Festival, mas pela cidade, afinal é o nome do teatro? É pesado, leve?
Edel – Gustavo, o qual sempre chamei de “Irmão” é meu irmão mais velho. Douglas é o do meio e eu a caçula. Ele sempre me levou para assistir peças de teatro, balés e óperas quando morávamos em São Paulo. Ser irmã dele é uma honra porque acompanhei sua trajetória teatral, musical, carnavalesca e autoral desde sempre e aprendi muito com ele, artisticamente falando.
FM – Desde quando mora nos Estados Unidos? E mantém neste país forte relação com o teatro, certo?
Edel – Moro em Boston, Massachusetts, Estados Unidos da América (EUA) desde 2001. Tenho aqui uma Cia de Teatro: a Brazilian Theater of Boston, que neste ano de 2023 se transformou em uma Organização Não-Governamental (ONG) e em 2024 completará 20 anos de vida. Moramos, eu, meu marido, o músico gaúcho Fernando Holz e temos uma filha super linda e talentosa de 19 anos – a Sophia. Aqui em Boston dou aula de teatro, monto espetáculos em português e durante o dia sou home visitor. Um tipo de assistente social que visita casas de famílias brasileiras, a maioria que vem pelo México, para ensinar os pais a brincarem com os filhos de 1 a 4 anos, para se desenvolverem em todas as áreas da educação infantil.
FM – Você fez algum curso de teatro no Brasil?
Edel – Sim. Fui aluna da Escola Técnica Estadual de Teatro Martins Penna, no Rio de Janeiro. Esta é a única escola pública de teatro da cidade. Fundada em 13 de janeiro de 1908, é considerada a mais antiga escola de teatro da América Latina em atividade. Soube que está desabando e ninguém faz nada.
FM – Quais são suas obras, sei que escreve, é diretora de teatro, escritora de livro, de peças, enfim, uma enciclopédia das artes.
Edel – Tenho mais de 40 textos teatrais que montei nos Estados Unidos. Entre eles, meus maiores sucessos são: os Silva na América, mãe e filha e Casar pra quê, pra quê casar? Livros infantis escrevi a coleção da Bruxa Morgana – Rosi Campos. O primeiro foi lançado no Festival de Passos: Bruxa Morgana e seus bichinhos de estimação. Também Ana Carolina e a pulga Percival. Sobre o Festival deste ano, estarei presente e assistirei o máximo de apresentações que conseguir. Estou ensaiando meu primeiro show em inglês com estreia para 13 de agosto: Brazil, the land of samba.
FM – Quais são seus grandes mentores, ídolos no Teatro?
Edel – Bom, Rosi Campos e Tadeu di Pietro são meus padrinhos teatrais, os quais eu amo de paixão. Para mim, são os maiores atores do mundo. Alguns atores e atrizes me inspiraram e me emocionaram muito. Bom, tive o prazer de assistir Vanessa Redgrave em uma peça Shakespeariana, Cate Blanchet, em um Tchekov, Julie Andrews, como ela mesma, Fernanda Montenegro, Marília Pêra, Marieta Severo, Irene Ravache e ver Paulo Gracindo, em O Preço antes dele morrer, confesso que foi um presente divino! Saudade de estar em cena e de ver meu irmão Gustavo em cena. Um dos melhores atores que já vi na vida.
FM – Você ainda mantém ligações com Passos? Costuma vir ao Brasil com alguma frequência?
Edel – Sim, mantenho meus familiares. Meu irmão Douglas e sua esposa Leia moram em Passos. Minhas sobrinhas Bárbara e Bruna e suas famílias lindas, e amigas de uma vida inteira, como a Lidiane Cançado. Portanto, costumo ir uma vez por ano ao Brasil. Este ano é a segunda vez que irei. Em Passos, me hospedo no apartamento delicioso dos meus queridos Renato Piantino e Luciene Bacil e encontro amigos amados que moram em outras paisagens.
FM – Como recebeu a homenagem do 7º FNTPAssos? Participou de algum dos anteriores e vai estar presente neste?
Edel – Quando Maurílio Romão me convidou para ser a homenageada do Festival, fiquei super emocionada. Primeiro, porque Passos é minha cidade e esta homenagem prova que santo de casa faz milagre sim! E também porque sou fã do Festival. Junto com Luís Eduardo Simão procuro assistir tudo o que dá. E tiro o meu chapéu pro Maurílio e sua trupe. O teatro hoje tem o nome do meu irmão Gustavo José Lemos, e isso bate fundo no coração.