23 de janeiro de 2024
DOS 6.590 PRESOS QUE SE INSCREVERAM NO ENEM, 3.993 FORAM APROVADOS E ESTÃO APTOS PARA O SISU 1.807 PARA O PROUNI./ Foto: Divulgação.
BELO HORIZONTE – Cerca de 60% dos detentos de Minas Gerais que participaram do Exame Nacional do Ensino Médio para Pessoas Privadas de Liberdade (Enem PPL) foram aprovados para vagas em universidades e cursos de ensino superior e cinco alcançaram 9000 pontos na nota da redação. Outros 23 atingiram notas acima de 800 pontos.
Segundo informações da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas (Sejusp), além dos adultos, mais de 90 jovens acautelados nas unidades socioeducativas do Estado também se inscreveram para o certame.
A maioria do adolescentes, segundo a Sejusp, ainda não é habilitada em termos de escolaridade ou idade para pleitear uma vaga nas universidades e participou, neste ano, apenas como treineiro para testar conhecimentos ou para futuras oportunidades. A participação ativa de detentos no processo educacional é evidenciada pelo número expressivo de inscrições. O Sistema Prisional registrou um crescimento de 28% no número de inscritos em comparação ao ano anterior, totalizando 6.590 inscrições em 2023, contra 5.126 em 2022. Da mesma forma, o Sistema Socioeducativo também registrou, com 93 inscritos em 2023, representando crescimento de 19% em relação aos 78 inscritos em 2022.
A presença de laboratórios de informática nas unidades prisionais e socioeducativas do estado tem possibilitado que detentos e adolescentes também realizem cursos de graduação a distância (modalidade EAD).
Dos 6.590 custodiados do Departamento Penitenciário de Minas Gerais (Depen-MG), ligado à Sejusp, que se inscreveram no Enem PPL 2023, 3.993 reeducandos (60,59%) estão aptos para o Sisu e 1.807 (27,42%) podem concorrer ao ProUni (Programa Universidade para Todos) e ao Fies (Fundo de Financiamento Estudantil).
A diretora de Ensino e Profissionalização do Depen-MG, Maristela Pessoa, destaca que esses números são fruto do empenho de uma equipe dedicada à promoção da assistência educacional em todas esferas e modalidades.
Ela ressalta que muitos detentos passaram por boa parte do processo educacional dentro das unidades prisionais, algumas vezes desde a educação básica. Por conta dos estudos intramuros, eles tiveram a oportunidade de realizar o Enem, alguns como treineiros, antes de completar o ensino médio, outros já com a conclusão dessas etapas. “Trajetórias que vão sendo moldadas e transformadas por meio da educação”, destacou a diretora.
“Acredito que a educação é a melhor maneira da pessoa conseguir mudar sua vida, principalmente a pessoa privada de liberdade. Espero usar a nota para ter uma vida digna”, afirma um dos detentos que atingiu 800 pontos no Enem.
“Recebi a notícia que passei no Enem PPL com muita alegria. Foi difícil manter o foco, mas com esforço e motivação, inspirado principalmente na minha mãe, consegui. Tenho vontade de cursar Direito, assim como ela. Desde pequeno vejo minha mãe estudando e acabei pegando gosto pelo tema”, afirma um adolescente custodiado.