17 de fevereiro de 2024
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BELO HORIZONTE – Minas deve registrar, em 2024, o maior número de casos de dengue da série histórica, segundo estimativa da Secretaria de Estado de Minas Gerais (SES). Nos primeiros 46 dias deste ano, o estado já teve 194.801 casos prováveis da doença, sendo 67.592 deles confirmados, e 105 mortes em investigação, sendo 18 já com confirmação.
De acordo com a SES, a expectativa é que Minas vivencie o período com maior número de casos de dengue da série histórica na comparação com anos epidêmicos anteriores.
Dados do Painel de Monitoramento de Arboviroses da SES, que compreendem números desde 2009, apontam que foram cinco anos epidêmicos em Minas: 2010, com 213.301 casos prováveis (194.565 confirmados) e 96 mortes em decorrência; 2013, com 414.497 casos prováveis (373.437 confirmados) e 106 óbitos; 2016, com 521.047 casos prováveis (435.471 confirmados) e 281 mortes; 2019, com 472.508 casos prováveis (413.717 confirmados) e 195 mortes, e 2023, que teve 418.993 casos prováveis, sendo 331.272 deles confirmados, e 222 mortes.
Na região, o ano passado foi o mais letal da doença, com 38 mortes e 29.420 casos confirmados de dengue. Nos outros anos epidêmicos, a região teve 4.311 casos confirmados em 2010; 2.778 confirmações e uma morte em 2013; 3.599 casos confirmados em 2016; 6.268 casos e duas mortes em 2019.
“Nossa previsão é de uma curva ascendente. Ainda não temos os dados desta última semana epidemiológica, mas nunca vivenciamos uma inclinação tão forte de dengue na nossa história. Já ultrapassamos o pico da previsão e não temos dúvidas que este vai ser o pior ano da nossa história de dengue”, aponta o secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti..
Segundo ele a situação na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) é preocupante. “Neste momento, a capital mineira e a região metropolitana vivem o momento mais crítico em número de atendimentos e a expectativa é que isso dure mais algumas semanas. Vamos continuar tendo muitos casos, mas esse pico de atendimento tende a começar a diminuir em meados de março. Temos alguns municípios que começaram a ter casos antes de Belo Horizonte e agora a demanda nas Unidades de Pronto Atendimento (UPA) está menor que há duas semanas, e esse é o comportamento comum da dengue”, informou Fábio.
BELO HORIZONTE – Para o secretário de Saúde de Minas Gerais, Fábio Baccheretti, o aumento de incidência do sorotipo denv2 e o retorno da circulação do sorotipo denv3 são motivos de preocupação, uma vez que a maioria das pessoas está sem imunidade para esses sorotipos, logo uma infecção pode gerar casos mais graves.
“Nossos esforços devem ser concentrados no atendimento qualificado, pois o óbito por dengue é evitável. Na maior parte dos casos, o tratamento é feito com hidratação no tempo certo e por isso estamos investindo cada vez mais na capacitação dos profissionais de saúde para que o tempo de identificação dos casos graves seja agilizado”, reforçou.
“Geralmente, o paciente procura atendimento quando está com febre alta, dor no corpo na fase mais aguda, e não é esse o ponto que mais nos preocupa. A conversão do paciente para a dengue hemorrágica acontece a partir do quinto dia dos sintomas, quando a febre cede. Nesse momento, pode ocorrer o choque, com queda de pressão, momento em que é necessário o tratamento com soro na veia e medicamento para aumentar a pressão arterial. É importante garantir que o paciente retorne ao atendimento na Unidade Básica de Saúde (UBS) após o quinto dia dos sintomas, para que a equipe observe como está sendo a recuperação, garantindo que não haja piora ou sinais de agravamento da dengue”, pontuou o secretário de Saúde de Minas.
A SES-MG também coordenará o Dia D de conscientização e combate à arboviroses em todo o estado, por meio das 28 Unidades Regionais de Saúde (URS). A ideia é promover o movimento Minas Unida no Combate ao Mosquito no dia 24 deste mês. O movimento, ao qual já aderiram 160 municípios mineiros de todas as regiões, realizará mutirões comunitários para eliminar os focos de Aedes aegypti.
Estão planejadas ações de mobilização para orientar e conscientizar a população que a responsabilidade diária de manter ambientes dentro das casas é também do cidadão. “Esse é um momento para sensibilizar toda a população e precisamos que todos nos ajudem a disseminar a importância de não deixar entulhos e água parada. É preciso destacar o papel de cada cidadão nesse processo, para que consigamos diminuir os números dessa doença que está nos afligindo muito em 2024”, alertou o secretário Fábio Baccheretti, que lembrou que as prefeituras que ainda não fazem parte do movimento podem procurar sua respectiva URS para isso.
Para prevenir a proliferação do mosquito causador da dengue e chikungunya, é fundamental a adoção de ações de proteção coletiva, como remoção de locais onde há acúmulo de água e eliminação de criadouros de mosquitos, além do tamponamento de caixas d’água e realização da limpeza das calhas.
Para a proteção individual contra a picada do mosquito, recomenda-se o uso de repelente, inclusive por pessoas com sintomas ou já diagnosticada com dengue ou chikungunya, uma vez que o mosquito pode se infectar ao picá-la e transmitir a doença para outros indivíduos.
Em caso de sinais e sintomas suspeitos de dengue, chikungunya ou zika, recomenda-se buscar o atendimento médico. As UBSs são a porta de entrada para esses pacientes em todo o estado.