Lauro Sampaio
PASSOS – Cerca de 10% da população de Passos está com o nome negativado em órgãos de proteção ao crédito, como o SCPC Serara, por exemplo. São 11.045 consumidores com que concentram cerca de R$ 10 milhões em dívidas, aponta a Associação Comercial e Industrial de Passos (Acip). De acordo com o último Censo, de 2022, o município tem 111.939 habitantes.
Para o presidente da Acip, Renato Mohallem Santiago, a situação é assustadora e, entre o final do ano passado e o deste, o número de inadimplentes subiu cerca de 10%.
“É um dado assustador, mas a Acip faz campanhas o ano inteiro para o consumidor limpar o nome e voltar a ter crédito no mercado como nas compras em lojas, cartões de crédito e financiamentos em bancos. Nós aqui fazemos a renegociação, parcelamos, retiramos juros e multas, basta o consumidor inadimplente nos procurar”, disse.
Segundo ele, a associação não tem dados como nível de endividamento por sexo, faixa etária e sobre quantos consumidores inadimplentes regularizaram a situação por meio do programa Desenrola Brasil, lançado pelo governo federal.
“É um programa muito burocrático, muito difícil e por isso não temos dados. O que eu posso dizer é que, no final do ao passado, cerca de 10 mil passenses estavam listados nos programas de restrição do crédito e o número subiu cerca de 10 por cento”, disse.
De acordo com Mohallem, a culpa pelo nível de inadimplência em Passos não é só dos consumidores, que se descontrolam nas compras, mas também do governo federal que, segundo ele, não consegue baixar o desemprego a níveis aceitáveis e reduzir sua dívida. “Esse governo ainda não mostrou para que veio, o país não está bem e não há uma seriedade nas políticas públicas’, afirma.
Mohallem também afirma que, por lei, os consumidores devem deixar a lista do SCPC Serasa em cinco anos, mas isso soa como uma falsa sensação de que a dívida foi zerada, porque os valores continuam inscritos nas lojas e nas financeiras, que se comunicam entre si e podem barrar compras a prazo do inadimplente que acabou de sair do sufoco na listagem.
“A melhor coisa a fazer é o consumidor renegociar, de acordo com suas possibilidades de pagamento e número de parcelas que cabem no seu bolso, e deixar a inadimplência de uma vez. Com o nome sujo, você não pode comprar parcelado, obter financiamento em bancos e ter cartão de crédito para ser usado nas horas de sufoco”, aponta.
Para a operadora de telemarketing N. D. S., de 33 anos, o principal motivo que a fez ficar inadimplente no mercado foi o descontrole nas contas depois que o marido ficou desempregado. “Eu não tinha controle e comprava a prazo em várias lojas e mercados, meu marido perdeu o emprego e eu me vi sem saída para pagar as dívidas. Ou eu comia ou pagava os credores”, disse.
Expectativa
Apesar do cenário na inadimplência, Mohallem indica que as vendas de Natal deste ano devem ser melhores que as do ano passado. Segundo ele, a Acip aposta promoção que vai sortear 23 prêmios aos consumidores que comprarem nos estabelecimentos participantes e 23 para os funcionários.
O presidente da Acip disse que, neste ano, a entidade optou por não sortear carros edistribuir um mix de produtos mais abrangentes para os consumidores.
Mohallem afirma que a associação fechou um acordo com o sindicato dos trabalhadores no comércio para as lojas abrirem no horário especial de Natal, a partir do dia 12 de dezembro, funcionando das 8h até as 22h de segunda-feira às sextas-feiras, aos sábados até as 17 horas e no domingo, dia 24, até as 20h. “Não acredito que no domingo que antecede o Natal as lojas vão ficar abertas até as 20h mas sim até as 17h”, disse.
Segundo ele, a expectativa é que o valor médio das compras de Natal fique em R$ 150 por consumidor, principalmente em produtos eletroeletrônicos. “Estruturamos uma premiação muito boa para que o consumidor compre em Passos e isso pode ser um grande atrativo”, afirma.